domingo, 24 de maio de 2009

O Magalhães, o insigne professor e a queixa na Ordem dos Engenheiros

O Magalhães, o insigne professor e a queixa na Ordem do Engenheiros

Azar.
No meio do êxito, o azar da escola da minha mulher. É uma escola do 2º e 3º ciclo, escondida no bairro, atrás de umas ruas pacatas e da “Queen’s School”.
Tem menino(a)s da Musgueira e de Chelas (a escola da minha mulher, não a “Queen’s School”), já não tem da Quinta da Montanha (umas barracas ao pé do Areeiro) nem do Bairro do Relógio (foram realojados em bairros “sociais” projectados por arquitectos premiados), mas também tem menino(a)s de Alvalade e da Avenida de Roma.
Não tem é Magalhães. Nem um. Estão à espera.
Não me choca.
O que me choca é a propaganda que fazem quando o distribuem.
O que me choca é o “e-escolinhas” não ter sido alvo de concurso público (parece que no “e-escolas” o ónus da selecção dos fornecedores ficou para as operadoras…dispensando os requisitos do novo código de contratação pública - CCP ).
O que choca é que eu não consegui vencer as dificuldades do código de contratação pública e não consegui fazer os concursos para a adaptação da estação de Colégio Militar do Metro para os cidadãos e cidadãs com deficiências motoras.
Se a elevação do objectivo do “e-escolinhas” justifica a dispensa dos requisitos do CCP, a elevação do objectivo de não discriminação daqueles cidadãos e cidadãs também justificava. Por que sou eu menos do que os decisores do “e-escolinhas”?
Lógico que isso me indigne, não acham?
E se pensarmos que o CCP também foi dispensado na contratação de um insigne professor de Direito Administrativo para redigir o projecto de lei do novo regime de fundações?
E se analisarmos bem as razões dadas pelo ilustre adjudicatário por ajuste directo sem consulta plural para assegurar as regras da concorrência? (não devia ser a entidade adjudicante a justificar-se?)
Vejam as razões: “Os quadros da administração central são de qualidade intermédia, por isso mal pagos, e não tinham capacidade para uma empreitada destas”.
Eu pasmo e recordo o que se passou comigo há muitos anos: fiz um caderno de encargos e uma proposta de adjudicação, o concurso foi anulado e contratado um consultor para fazer o caderno de encargos; o caderno de encargos que saiu era muito parecido com o original. Pudera, consegui convencer os consultores que aquele artigo que eles queriam tirar, não podiam, porque a tecnologia tinha evoluído naquele sentido e já ninguém fabricava como eles queriam. A coisa acabou com uma queixa minha na Ordem dos Engenheiros por me alterarem um trabalho meu sem a minha concordância. A Ordem mandou arquivar a queixa e alterou a redacção do artigo do código deontológico em que eu me tinha baseado. Histórias de quando eu era jovem.
Agora que sou velho, continuo a ver consultores a serem chamados por não acreditarem em mim.
Deficiência minha, certamente.

3 comentários:

  1. Caro Amigo
    "A imagem do mundo de cada homem é e será sempre uma construção da sua mente e não se pode provar que tenha qualquer outra forma de existência" (Erwin Schrodinger).
    Porque razão "divina" você terá que ter razão? Porque razão "divina" terão as pessoas todas do mundo de seguir as suas recomendações e/ou conclusões?
    Porquê que você não aceita que outros possam ter ideias diferentes das suas? Talvez piores, Talvez melhores, pelo menos diferentes. Para o mesmo problema da vida nunca há só e só uma solução. Olhe, vou contar-lhe uma história que a minha querida mãe me contava (quando era viva). Andando ela a frequentar (há cerca de setenta anos) a Faculdade de Ciências de Lisboa, teve uma Colega, de nome, se a memória não me falha, chamada Maria do Carmo Anta (aluna brilhante) que um dia numa oral de uma cadeira do quinto ano do curso de matemática (o mesmo que a minha mãe concluiu com a mediana classificação de 12 valores) respondeu ao pedido do Prof. Catedrático à pergunta de demonstre não me recordo bem o quê da seguinte forma: Falo tal (um matemático) demonstra assim, beltrano (outro matemático) demonstra assim e eu demonstro assim. O Prof., certamente por falta de humildade ficou a olhar, confirmou a correcção da demonstração (que parece que não terá percebido lá muito bem) e, no final deu-lhe 19 valores, o que motivou que os presentes na sala o tivessem vaiado (isto nos idos do início do século vinte).
    TUDOS OS PROBLEMAS DA VIDA TÊM, NORMALMENTE, MAIS DO QUE UMA FORMA DE SE ENCONTRAR A SOLUÇÃO. Porquê que os problemas da mobilidade e dos transportes só terão que ter as soluções que você considera as correctas?
    "A tarefa da ciência tem sido descobrir coisas que são muito diferentes daquilo que parecem" (Sir Arthur Eddington).
    Vá lá, dê oportunidade aos outros de pensarem e de colaborarem na procura das melhores soluções, não seja egocêntrico.
    Um abraço.
    José Osvaldo Bagarrão

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  2. Fora os pequenos lapsos de escrita foi o primeiro comentário ao seu ilustre blog.
    José Osvaldo Bagarrão

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  3. Mas eu só disse que me chocava o novo código de contratação publica impedir o lançamento de um concurso para garantir a mobilidade às pessoas que a têm reduzida...não invoquei certezas "divinas"... bom, também me choca a RAVE decidir secretamente que fura a estação do Metro de Oriente e impor um facto consumado. Mas nisso eu sei que estamos de acordo. Quanto à classificação de 19, que é de facto uma história bonita, é como nos árbitros de voleibol, faz parte das regras do jogo ser o professor a decidir...talvez aperfeiçoar as regras de selecção, mas a classificação terá de ser sempre subjectiva, ou estou a impor uma solução divina?

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