sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ardi


Ardi…
Quis chamar-te antepassada, mas os especialistas, ao fim de 14 anos de reconstituição, não deixaram, pelo menos de forma directa.
Dizem que tinhas características de chimpanzé e características humanas.
Que já eras erecta e descias muitas vezes das árvores para caminhar no solo.
Pessoalmente aprecio muito isso, porque sempre fui contra aquela ideia individualista e egoísta de “cada macaco no seu galho”.
Só descendo dos galhos (Ardipitecus ramidus, te chamaram) pode haver progresso.
Vivias na Etiópia mas numa Etiópia florestada.
Criaste muitos filhos e assim és reconhecida agora, 4 milhões de anos depois, como uma mãe eficaz.
Ficámos sem saber como era a tua vida amorosa e se poderias servir de modelo para as mulheres de agora, porque ser mãe renunciando a uma realização profissional ou noutras áreas não nos parece bem, pelo menos agora, mas há 4 milhões de anos atrás, era complicado.
Também não nos disseram se já tinhas o neo-cortex pré-frontal que te permitiria planificar a tua actividade e resolver problemas abstractos, e se os teus hemisférios cerebrais já comunicavam para poderes solucionar questões em que os machos do teu grupo se perdiam ingloriamente.
Enfim, gostei muito de te conhecer, Ardi, sinceramente.

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