sábado, 16 de janeiro de 2010

Concerto na Sé


Eu, ateu impenitente

Venho pelo presente agradecer ao patriarcado de Lisboa o concerto de órgão e coral de Ano Novo, na Sé de Lisboa, em 9 de Janeiro de 2010 (repetido na Sé de Évora e no Porto).
Musica de órgão de Buxtehude por João Vaz e musica religiosa vocal de frei Fernando de Almeida pela Capella Patriarchal (coro de câmara, com 2 sopranos, 2 mezzo-sopranos/contraltos, 2 tenores, 2 baritonos/baixos, todos jovens) com acompanhamento de órgão.
Frei Fernando compôs em Portugal entre 1640 e 1660 musica de grande qualidade (engraçado como o senhor D.João IV, sempre que podia, fugia às questões políticas e ao confronto com a sua insuportável rainha, a andaluza Luísa de Guzman, que achava que mais valia ser rainha por um dia que duquesa toda a vida, e se dedicava à música e a apoiar os músicos).
Estava cheia, a Sé; não há dúvida, há gente para tudo.
Por mais esforçadas que sejam as forças obscurantistas, por mais eficazes que sejam as medidas que afectam a educação das novas gerações, e as que fazem prevalecer os critérios económicos sobre os critérios artísticos (valha a verdade que cultura, em definição coloquial, é quando a pessoa não precisa de se preocupar muito com a obtenção dos factores de subsistência, o que, não coloquialmente, nos conduzirá à eterna discussão das formas de organização da sociedade), e as que encaminham grande parte dos jovens para a criminalidade e a marginalidade,ou voltam as costas sem querer ver, por mais esforçadas que sejam essas forças, dizia eu, é também possível ver e ouvir vozes jovens a cantar tão bem naquele espaço bonito.
Já que a santa madre igreja católica apostólica e romana (SMICAR) é acusada de violentar consciências, ao menos que nos ofereça concertos assim. Agradecido.

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