sábado, 20 de fevereiro de 2010

Já não há laranjeiras na Praça de Alvalade




Estão a ver?
Isto é, estão a ver que não estão a ver?
Não estão lá as laranjeiras que estavam.
Tal como vos disse no blogue de 30 de janeiro de 2010.
Na placa central nunca houve, mas nas outras sim.
Ficou santo António sem verde à volta, de dia e de noite.
Já apresentei a reclamação na CML.
Recebi uma resposta automática a dizer que o assunto ia ser analisado e depois comunicavam.
Nada, como em muitos casos de reclamações que os senhores provedores não sabem como responder.
De modo que vou mandar segunda reclamação.
Já sei o que vão responder.
As laranjeiras tinham doença e custava muito dinheiro tratá-las.
Ou então que as laranjas apodreciam, sujavam o chão e não há dinheiro para a limpeza.
Eu acho que se deve ter muito cuidado com este argumento, não vá o povo dizer que não paga porque não tem dinheiro (quanto é que a associação de turismo de Lisboa, participada pela CML, vai exatamente gastar sem retorno com os aviões da Red Bull?).
Além disso, as laranjeiras são das árvores que melhor suportam a poda (não pode dizer-se o mesmo dos plátanos), os ramos vivos são captadores de CO2 e os ramos cortados contêm energia, são bio-massa.
Tudo argumentos obviamente de pouco valor quando comparados com a genialidade da solução estética encontrada, sem árvores.
Ou será que, como costuma dizer o senhor arquiteto Gonçalo Teles, estarão a pensar pôr naquelas placas uns penicos com uns arbustecos?
Há porem um aspeto que devo salientar.
A qualidade do pavimento rodoviário é superior ao normal.
Poderia ser um motivo de contentamento, se não revelasse, quando comparado com o desaparecimento das laranjeiras, que a primazia é a do automóvel.
O automóvel é um fator de bem estar.
Mas a verdade é que a sua predominância nas cidades é a expressão da diminuição da qualidade de vida.
É uma pena, considerados individualmente até podem ser objetos de prazer, mas em grupo e como fator primordial, são uma praga.

2 comentários:

  1. 24MAR2010 - 1
    Caro Munícipe
    O Projecto de Qualificação para a Praça de Alvalade foi elaborado pela Divisão de Estudos e Projectos, da DMAU, no seguimento das obras de remodelação da Estação Alvalade do Metro, encontrando-se devidamente aprovado pelo município. A execução do projecto, a cargo do Metropolitano de Lisboa, foi dividida por 2 fases, estando a 2ª fase agora a ser concluída, reconhecendo-se os grandes transtornos que este atraso causou no local, nomeadamente aos residentes.
    Em relação à estrutura arbórea da praça, durante as obras do Metro foram removidas as laranjeiras existentes nos principais separadores, paralelos à Av. de Roma, as quais não podem ser replantadas, por questões relacionadas com a subida de cota da laje de cobertura da estação e consequente falta de altura disponível para a plantação de árvores. Em face desta condicionante, ponderou-se a manutenção das laranjeiras nos separadores de menor dimensão, paralelos à Av. da Igreja, tendo-se optado pela sua remoção pelas seguintes razões:
    (i) - a Praça de Alvalade constitui um exemplo de urbanismo dos anos 40 , sendo caracterizada por um traçado de desenho urbano com uma identidade própria, de grande regularidade e simetria em relação aos dois eixos de composição definidos pela Av. de Roma e Av. da Igreja; considerou-se fundamental para a dignificação da praça a manutenção dessa simetria e unidade de tratamento, centralizada no elemento escultural central;
    (ii) - as laranjeiras não faziam parte do projecto original da praça, tendo constituído uma acção pontual de plantação dos finais da década de 80 (ou princípio de 90);
    (iii) - em face da envolvência arquitectónica da praça, com prédios até 15 andares de altura (C. C. Alvalade), considera-se que as laranjeiras apresentam um porte pouco compatível com a escala da praça, incompatibilidade que surge acentuada pela existência de laranjeiras apenas nos separadores de menor dimensão;

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  2. 24MAR2010 - 2
    A opção de remoção das laranjeiras surge naturalmente associada à possibilidade de plantação de novos alinhamentos de árvores, de forma a garantir uma amenização ambiental da praça e melhorar as condições de sombra e conforto dos peões (em áreas em que o peão efectivamente circula). São propostos 4 novos alinhamentos de árvores de grande porte - Jacarandás - integrados nas 4 bolsas de estacionamento e paralelos ás fachadas edificadas (22 exemplares).
    Em face do exposto, voltando a dar à praça a sua imagem original, em que se enriquece a pavimentação dos separadores com lajes de lioz (idêntica ao separador central, base da estátua), considera-se estar a contribuir para a sua dignificação, enquanto “praça dura” emblemática de uma época, abrindo simultaneamente as perspectivas visuais para os eixos das avenidas que se cruzam na praça, nomeadamente para a Igreja S. João de Brito, no topo Nascente da Av. da Igreja.
    De referir ainda, e de não menos importância, que este projecto se integra no Projecto global de Qualificação Urbana da Av. de Roma (já construído no troço envolvente à Estação Roma, entre a Av. dos E.U. da América e a Rua Frei Amador Arrais) o qual em termos de estrutura arbórea define a plantação de alinhamentos de árvores contínuos ao longo dos passeios laterais, de forma a criar condições de conforto directa ao peão e oferecer o devido enquadramento ao eixo urbano, recriando o perfil de alameda. Segundo este conceito o Projecto da Av. de Roma prevê a remoção integral das árvores existentes nos separadores centrais ao longo de toda a avenida, considerando-se que a presente acção de remoção das laranjeiras nos separadores da Praça de Alvalade se integra igualmente nesse conceito de âmbito mais global.
    Compreendemos que a remoção das laranjeiras poderá gerar uma reacção negativa por parte dos moradores, habituados à sua imagem no local, contudo consideramos que as razões que nos ditaram a opção de remoção são válidas e consistentes, tendo em conta o principal objectivo de dignificação do espaço público, numa perspectiva da cidade. As laranjeiras foram transplantadas, com os devidos cuidados e segundo as técnicas adequadas, para jardins e outros espaços da cidade definidos pela Divisão de Jardins, onde deverão igualmente cumprir objectivos de enquadramento.”
    Com os nossos melhores cumprimentos,
    Arquitecta Paisagista da CML

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