quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O tapete quase voador

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INTRODUÇÃO

Esta história poderia ter sido escrita por Nicolau Gogol para fazer companhia à do capote de Akaky Akakievitch, se as carruagens sem cavalos, no tempo de Nicolau Gogol, fossem controladas por software.
Que tapetes seriam mais indicados, se o problema consistisse em que tapete arranjar para tudo estar bem, ou se o tapete fosse apetecível para ser roubado e se Toyota Toiotevitch corresse o risco de se ver transformado em fantasma por não conseguir que o Congresso dos USA lhe devolvesse o tapete roubado.

FOTO 1 – Se a carruagem sem cavalos não tivesse tapete, ou: a foto 1 mostra o chão do Toyota Prius, modelo de 2008, junto do banco do condutor, sem o tapete montado.
Pode ver-se a alcatifa que sela o fundo do habitáculo, deixando um fundo falso entre a alcatifa e o fundo de chapa propriamente dito.
No caso deste automóvel, vê-se em primeiro plano, à direita da foto, junto da alavanca de posicionamento do banco, a peça de plástico de fixação do tapete.
Em segundo plano vê-se um ilhó que saltou do respetivo orifício da alcatifa, com uma escala de 15 cm para comparação.
Isto é, a peça de plástico de fixação do lado direito do condutor, tracionada pelo tapete sob a pressão do seu pé direito ao abandonar o carro, arrancou o ilhó e permitiu que o tapete escorregasse para junto do acelerador.
Não houve porém, neste caso, prisão deste.

FOTO 2 – Nesta foto 2, vê-se mais em pormenor o buraco na alcatifa do lado direito do condutor, o ilhó e a escala de comparação.
Por qualquer motivo, ao ser reposto o tapete na posição correta, a peça de fixação enfiou-se pelo buraco para o fundo falso e deu algum trabalho para ser recuperada

FOTOS 3 e 4 – Pode ver-se a peça de fixação do lado esquerdo do condutor, com a ligação original da peça ao ilhó (do lado oposto ao gancho destinado a prender o tapete, um pequeno cilindro fendido, fazendo de mola e oculto pela alcatifa, prende ao ilhó).
Mostram-se duas posições para mostrar que a peça de fixação tem muitos graus de liberdade dada a flexibilidade da alcatifa

FOTO 5 – Vê-se nesta foto 5 o tapete retirado do automóvel, mostrando que o ilhó do lado esquerdo do condutor também caiu (esperemos que a Toyota não acuse os condutores de vandalismo, considerando a extrema precariedade destes sistemas de ligação alcatifa-ilhós)

FOTO 6 – O buraco sem ilhó do tapete visto de perto

Foto 7 - Recuperada do fundo falso, para onde tinha caído, a peça de fixação do tapete, considerou-se que a melhor forma de a ligar à alcatifa seria enfiar o atrás referido pequeno cilindro fendido da peça num furo praticado numa rolha de cortiça (a altura da rolha é mais ou menos a altura do fundo falso). A rolha pertenceu a uma garrafa de reserva da cooperativa da Amareleja de 2001, recomendando-se este vinho a quem queira corrigir a fixação dos tapetes Toyota

FOTO 8 – A mesma peça após a beneficiação com a ligação à rolha de cortiça, vendo-se esta no início da inserção no orifício da alcatifa. Vê-se o gancho, à esquerda da foto, onde se irá prender o ilhó do tapete do lado direito do condutor ;

FOTO 9 – Vê-se nesta foto 9 o tapete já instalado, fixado nos ganchos das duas peças de fixação

FOTO 10 – Esta foto 10 corresponde a um ensaio de simulação de enrugamento do tapete após escorregamento por colapso da peça de fixação do lado direito do condutor e subsequente prisão do acelerador em posição acelerada. Não parece muito provável, pelo menos neste modelo .
De acordo com a investigação a decorrer no Congresso dos USA com o apoio do gabinete de acidentes dos USA, verificaram-se vários acidentes com esta causa desde 2000 em oito modelos que não o Prius, sendo altamente provável que em outros acidentes de aceleração não desejada, em maior número, a causa tenha tido origem em funcionamento deficiente do software e eletrónica de comando e controle.

EPÍLOGO
Esta história termina, por hora, considerando a precariedade com que se instalam tapetes num automóvel e a investigação em curso no Congresso dos USA, com a constatação clara de que um fabricante de carruagens sem cavalos culpou durante anos os condutores seus clientes pelos seus próprios erros de projeto, incapacidade de integrar os projetos de software na compreensão global do funcionamento das carruagens e incapacidade de aceitar as críticas e as sugestões dos utilizadores das carruagens.
O que se passou foi, ao longo dos anos, ofuscado por uma perceção pela opinião pública de grande qualidade dos produtos desse fabricante de carruagens, aliás justificada do ponto de vista de engenharia mecânica (não considerando o software nem os acabamentos) e que agora vê desmascarada a sua estratégia arrogante e, conforme reconhece o seu diretor geral, com dificuldades de comunicação.
Porém, tudo acabará bem para o fabricante de carruagens, porque não podem lançar-se no desemprego os trabalhadores da Toyota e o Congresso dos USA não vai contribuir para a diminuição do PIB e o aumento do défice (não esquecer que as vantagens comparativas é que são responsáveis pela vantagem de haver fábricas japonesas nos USA e multinacionais norte americanas no Japão.

VOTO

QUE NENHUMA EMPRESA, SEJA EM QUE PONTO DO PLANETA FOR, QUEIRA QUE UMA PROCURA CEGA E SURDA DA QUALIDADE A IMPEÇA DE CORRIGIR OS SEUS ERROS.

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2 comentários:

  1. Estava a pensar comprar um Toyota....afinal....o japonês de primeira passou a japonês de segunda?.....

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  2. Eles continuam a ser de primeira. Só que não conseguem controlar os informáticos (a Airbus também é de primeira e o avião da Air France caiu por causa do tubo de Pitou que eles já deviam ter substituido) e acham que os condutores é que conduzem mal. De facto, quando se é de primeira, tem-se muita dificuldade em reconhecer erros. Ver em
    http://www.msnbc.msn.com/id/35520628/ns/business-us_business/
    e
    http://noticias.vrum.com.br/veiculos_nacional/template_interna_noticias,id_noticias=35338&id_sessoes=4/template_interna_noticias.shtml

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