quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O transporte aéreo em 2010 e o TGV Lisboa-Porto

Leio a notícia da IATA dando conta de que as companhias aéreas perderam, em 2009, 8.000 milhões de euros (8x10E9).
Esperam um prejuízo de 4.000 milhões em 2010.
Queixa-se a IATA de que 2009 foi o ano de maior queda de receitas e que a causa principal são as tarifas baixas resultantes da concorrência.
Sabe-se que a diminuição de receitas implica, pelos gestores, cortes em tudo, desde os salários até à segurança da manutenção.
Mas os economistas continuam a defender a concorrência como factor essencial de controle de custos (será que o controle de custos deve ser o objectivo?), apesar de também viajarem de avião e apesar de, no tempo de Adam Smith, não haver aviões.
Aguardemos a evolução do transporte aéreo, esperando que a segurança não saia prejudicada.
Leio depois a entrevista do CEO da TAP e vejo esta coisa espantosa, por não se lhe dar a devida publicidade:
“O transporte aéreo não é rentável para um percurso de 300 km como o de Lisboa-Porto.”
Qualquer planeador de redes de transportes já sabia isso, mas tem outro interesse ser o CEO da TAP a dizê-lo.
Tem interesse para os economistas que ainda andam a pedir estudos para fundamentar o TGV Lisboa-Porto, que é uma maneira bem portuguesa de dizer que não querem, tal como não quiseram os opositores de Fontes Pereira de Melo .
80% dos traçados de caminho de ferro existentes vêm do tempo de Fontes; isso poderia simplificar a questão junto de cérebros que são prestes a exigir os últimos modelos de BMW ou de computadores portáteis para seu uso pessoal, mas que se habituaram a, quando precisam de ir de Lisboa ao Porto, ou do Porto a Lisboa, exigirem um transporte ineficiente para a distancia em causa, o automóvel ou o avião, em vez de reclamar a actualização tecnológica do transporte ferroviário.
Talvez achem satisfatório o atual serviço, com 2horas e 50 minutos de tempo de viagem, ou mirificamente (se tivessem trabalhado em caminhos de ferro, não em gestão de caminhos de ferro, saberiam por que escrevo mirificamente) acreditem que da linha existente podem retirar um bom serviço, incluindo mercadorias (se tivessem trabalhado em caminhos de ferro, não em gestão de caminhos de ferro, saberiam por que é necessário fazer manutenção das linhas à noite, embora estejam sempre prontos a cortar os gastos respectivos).
Nem sei como acabaram por aceitar o Lisboa-Madrid (terão dado ouvidos à Duquesa de Mantua, que parece até ter sido uma senhora sensata?)
Assim é muito difícil discutir, porque não se consegue discutir com argumentos, só com ideias virtuais do virtual mundo da economia.
E eu, pelo menos eu, sou muito fraco em virtualidades.

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