segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma questão de transportes – a natalidade e a mortalidade

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Falham-nos os dados.
Mas parece que os operadores transportam menos passageiros. Digo parece porque as estatísticas não são fiáveis e aguardam-se inquéritos que o sejam.
E também parece que o número de produtores diminui. Aqueles cujo esforço contribui para as atividades reprodutivas do PIB. Pelo menos , oficialmente, diminui a população ativa e cresce o número de desempregados.
Até os imigrantes nos abandonam.
Graças às expetativas, que dizia Keynes que era uma das forças da economia, ou por falta delas, a idade em que a espécie humana se reproduz está a subir.
Pelo menos no nosso país.
Estes são os números com a evolução da natalidade e da mortalidade em Portugal:
Em 2006:
105 000 nascimentos
102 000 mortes
Em 2009 (extrapolação com base nos números do 1º semestre e dos valores relaqtivos entre o 2º e o 1º semestres em anos anteriores):
99 000 nascimentos
108 000 mortes
Até os imigrantes, além dos emigrantes, nos abandonam.
Assim temos um problema nos operadores de transportes. Falta de passageiros a prazo.
Nascem menos portugueses, morrem mais portugueses (alguém mentiu, quando falou em aumentar a expetativa de vida, a menos que esteja a morrer gente cada vez mais jovem, nas estradas, na dependência das drogas; está a morrer mais gente, de ano para ano ).
Talvez por isso alguém se lembrou da conta de 200 euros para cada recem-nascido.
Pode ser que as ideias adam smithistas venham a estar certas, mas por enquanto não estão, e estamos a degradar-nos.
Porém, pode ser que aconteça como na sinistralidade rodoviária e na criminalidade.
Compõem-se as estatísticas para o senhor ministro tranquilizar as populações.
Estes números deixam-me profundamente indignado.
Não apenas pelo falhanço na saúde (mais um direito universal do Homem adiado no nosso país).
Mas pelo que significa, em qualquer espécie biológica à superfície da terra, a diminuição da natalidade e o balanço negativo da população: o falhanço assumido do percurso da comunidade.
Até os imigrantes nos abandonam, quando deviam chegar e misturar-se connosco, quando deviam encher as nossas escolas com os seus filhos (oiço a minha mulher dizer: as alunas cabo-verdianas e angolanas são lindas e trabalhadoras, os miúdos indianos são espertos, têm muito jeito para a matemática e são muito ajuizados, as meninas ucranianas são a disciplina em pessoa, o miúdo chinês é um companheirão). Temos aqui um factor de produção quase de graça, só é preciso dar-lhes professores (não com as regras da ex-ministra, claro). Não é o que dizem os gurus da gestão de recursos humanos, que eles são o capital maior?
Falham-nos aqui também os dados, mas parece que o número de alunos das escolas públicas não sobe, enquanto os paisinhos presurosos, sempre que podem, levam os seus filhinhos para as escolas privadas, que fazem o seu negócio, mas onde também parece que o numero de alunos não cresce.
Como diz a estátua da Liberdade,
“Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tossed to me,
I lift my lamp beside the golden door!"
(Tragam-me as vossas massas de gente exausta, pobre
e confusa, ansiando por respirar em liberdade,
os desgraçados rejeitados pelos vossos países.
Enviem-me esses, os sem abrigo e os desalojados pela tempestade.
Eu os guiarei com a minha tocha.)


Era desses e dessas, e dos filhos e filhas desses e dessas, que nós precisávamos, para ver se nos organizávamos melhor em equipa, mas não segundo o padrão adam smithista, por favor, mais segundo o “Bill of rights”, que alguma vez há-de ser aplicado.

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