quinta-feira, 13 de maio de 2010

Milagre, milagre

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Recomendo que oiçam a Antena 2. Ainda hoje passou uma entrevista de divulgação do livro “Histórias rocambolescas da história de Portugal”.

Tenho mesmo de o ler.

Lá vem a homenagem a Alexandre Herculano, que foi quem primeiro desmontou o milagre de Ourique e o mito das cortes de Lamego.

O milagre, milagre, de Ourique foi inventado no século XIV para dar força ao partido do senhor João I, na luta contra o partido pró-castelhanos. Nem sequer se tem a certeza onde foi a batalha de Ourique, quanto mais saber que o senhor Afonso Henriques tinha rezado e obtido um milagre, milagre… Mas foi uma mentira muito útil para o partido do senhor João I para convencer o povo a segui-lo.

Quanto às cortes de Lamego, reza o mito que foram convocadas pelo senhor Afonso Henriques para ser reconhecido como rei e estabelecer as regras de sucessão do trono. Só que ficou provado que as atas das cortes de Lamego foram forjadas no mosteiro de Alcobaça pelos monges de Cister cerca de 1630, incorporando judiciosamente as regras de sucessão do trono, as quais expressamente excluíam do trono português filhos de reis estrangeiros.
Estava-se mesmo a ver que era para preparar a revolução de 1640, não estava? E assim foi, as atas falsas das cortes de Lamego receberam o estatuto de lei fundamental a partir de 1641.

Pessoalmente, desagrada-me muito que falsificações estejam na base seja do que for.

Mesmo que a intenção seja boa e muito patriótica.

Por uma razão muito simples, que é a de que não é possível enganar todos durante todo o tempo, por mais milagrosa que seja a história.

Acaba sempre por se saber.

Viva Alexandre Herculano (de que a minha professora de história, Maria Helena, era fan, claro).

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