sexta-feira, 28 de maio de 2010

Olá, Pirandello, veio visitar-me?

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Hesito um pouco antes de abrir a porta do meu gabinete, detendo a mão no manípulo.

Será que, ao entrar, vou ver-me a mim próprio, sentado à minha secretária?

Estarei a despachar assuntos, teclando no programa de gestão de documentos, ou trocando impressões com algum dos meus colaboradores, ou , o que seria muito melhor, com uma das jovens colegas dos recursos humanos?

Vem-me ao pensamento a frase de Pirandello: “algures, pode ser que alguém viva o que julga viver, mas aqui por onde andamos, ninguém habita realmente o corpo que os outros vêem.”

Abro a porta, o gabinete está vazio.

Não estava sentado à minha secretária.
Pirandello também não.
Não se concretizou a visita.
Pelo menos assim parece.
Sento-me e escrevo isto.

Mas terá ficado escrito?

Terá sido lido?

Não estou seguro.

Tudo isto a propósito de uma peça de Pirandello:        
  http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=369678&visual=26&rss=0


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