quarta-feira, 23 de junho de 2010

Segurança no mar


Pode acontecer a qualquer um que navegue no mar.
Por mais cuidado que tenha com as regras de segurança.
O que se segue não pretende ser um manifesto de um cumpridor zeloso a querer ser um exemplo.
Devemos respeitar a memória dos que morreram, mas também deve ser dito com muita dureza que muitas mortes de pescadores podiam ser evitadas.
Junto no ficheiro em:

http://cid-95ca2795d8cd20fd.office.live.com/self.aspx/seguran%c3%a7a%20maritima/Seguran%c3%a7a%20no%20mar.docx


- as declarações em 2009 do presidente da Associação para a segurança dos homens do mar. Para alem da consulta ao serviço de meteorologia, em qualquer saída os pescadores deverão levar vestidos fatos flutuantes ou coletes de salvação e uma baliza EPIRB (de localização por satélite). É verdade que esses equipamentos são caros, mas são regras de segurança que não estão a ser cumpridas.
- extrato de catálogo de equipamentos de segurança (coletes de salvação, rádios VHF, balsas salva-vidas com garrafa de CO2 para insuflação e revisão periódica, balizas EPIRB; recomenda-se ainda a utilização de GPS para localização automática ou vocal das chamadas por rádio VHF)

No caso do naufrágio de Aveiro a existência da balsa permitiu a sobrevivência de um dos náfragos.
A existência de uma baliza EPIRB (ou de um rádio VHF portátil, emitindo no canal 16 de emergência, de escuta permanente) teria permitido salvar outros dois por localização por satélite, automática depois de acionado o botão de emergência .
Com colete de salvação vestidos e baliza EPIRB ou rádio VHF, possivelmente ter-se-iam salvo os 5.
Ignoro as condições do naufrágio, sendo provável, observando o tipo de barco, semelhante ao da fotografia, pequeno e com o poço de pesca exposto, que tenha sido por embarque de grande quantidade de água .
Uma embarcação com 6m dificilmente aguentará ondas cruzadas de rebentação, como parece ter sido o caso; a manobra correta nestas condições seria, beneficiando da potência do motor (deve haver sempre 2 motores, para o caso de um falhar), enfrentar as ondas com a proa e fechar a cabina, refugiando-se os tripulantes no poço interior e esperando que o barco funcione como uma boia. Talvez possa falar-se  nalguma desatenção ou falta de meios da policia marítima para desaconselhar a saída da barra a embarcações pequenas (realmente, se não houver meios humanos, como poderá executar-se esta função, sabendo-se que não estava arvorado o sinal de barra fechada?) .
O objetivo deste texto é o de chamar a atenção para a realidade de não se praticar a cultura da segurança.

Quer na pesca recreativa quer na pesca profissional não são usados, sistematicamente, nem o colete de salvação nem o rádio VHF nem a baliza EPIRB (a vítima mortal dum recente acidente nas obras do metropolitano, noutro exemplo de falta de cumprimento das regras de segurança, também não usava arnês e mosquetão de segurança) .
E assim a taxa de mortalidade é elevada.
Os meios de comunicação social dão publicidade à descrição dramática dos acidentes, mas não insistem na divulgação das medidas de segurança e da necessidade de ultrapassar as dificuldades referidas no artigo em anexo.


Existe ainda outra questão impeditiva e que é grave. É a questão cultural: nos cursos de segurança para atribuição da carta de marinheiro, que incluem as regras de segurança e as regras e procedimentos de utilização dos equipamentos de radiocomunicações, é frequente ver-se muitos pescadores profissionais a não terem aproveitamento nesses cursos. É mais um aspeto referido no artigo em anexo pelo presidente da associação, e que carece de intervenção oficial numa perspetiva integrada (desejaria que as secretarias de estado dos assuntos do mar e da proteção civil partilhassem a minha opinião, que o pessoal da marinha sei eu que partilha).


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