quarta-feira, 6 de abril de 2011

Os banqueiros em Abril de 2011



Estou no largo da Boa Hora a contemplar as obras de mais uma remodelação com caves de estacionamento que ficarão a 7 metros da abóbada da estação Baixa-Chiado, enquanto não vou lá verificar como estão as infiltrações.
Contemplo as portas fechadas do antigo tribunal, aguardando o destino que os decisores houverem por bem (não é um elogio aos decisores); um hotel de charme? Um novo pólo do ISLA acabado de comprar por um grupo de universidades dos USA?






Olho o cartaz amarelecido de há muitos meses, anunciando obras de alteração, por trás dos vidros da montra, a porta também fechada, da Merendinha da Baixa, onde bebi das melhores limonadas deste mundo.






E de repente a voz maviosa de uma executiva esplêndida, porque a forma como estava vestida o comprovava, surpreende-me com a pergunta: “posso entregar-lhe um folheto com as aplicações do nosso banco? Estamos muito competitivos nos depósitos a prazo”.
E entregou-me o folheto, que agradeci muito, informando que até sou cliente daquele banco e deixando-a subir calmamente a Rua Nova do Almada, nos seus saltos altos e casaco e saia travada.
Serão novas técnicas de “marketing” nestes tempos de crise.
Porém, tão assertivas têm sido as declarações dos senhores banqueiros, quando afirmam que já não querem financiar mais o Estado, e terão as suas razões, considerando a elevada percentagem da distribuição acionista por entidades estrangeiras, que não resisto a recordar o post de Novembro de 2010:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/11/andrew-jackson-e-alguns-banqueiros.html

e a citação do presidente dos USA Andrew Jackson em 1834 (não digam que a história não se repete; Obama: “Não fui eleito para fazer o jogo dos senhores de Wall Street”):
“Também tenho sido um observador atento do que o Second Bank of the United States tem feito. Tenho colaboradores a vigiar-vos há longo tempo e estou convencido de que vocês usaram os fundos do banco para especular . Quando ganham, dividem os lucros entre vocês; quando perdem, debitam ao banco… vocês são um ninho de víboras e de ladrões”.
Não generalizemos, mas porque foi o próprio governo a desmerecer nos certificados de aforro (que são um financiamento por particulares) para beneficiar as propostas de aplicações de depósitos a prazo dos bancos que assim canalizaram a poupança desses mesmo partuculares?
É que assim, enquanto não tiver uma resposta esclarecedora a esta pergunta, não consigo dar crédito às afirmações dos senhores banqueiros.
Nem aceitar as sugestões tentadoras da simpática gestora comercial da agencia do meu banco na Baixa.

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