quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ainda as propostas de Vitor Bento

Fascinante, como diria Mr Spock ao ver aproximar-se o monstro para devorar a tripulação e observando os movimentos ondulados da troica, perdão, do par de patas do monstro.
Perante as notícias vindas a publico com as propostas dos tecnicos do FMI/BCE/UE e o embandeiramento em arco com uma das medidas para tornar as nossas exportações mais competitivas, a diminuição das taxas sociais, permito-me retornar ao post de 22 de Abril deste desgraçado ano de 2011 (http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/04/vitor-bento-e-sua-solucao-para-o-no.html     ), 
em que apresentei algumas das medidas propostas por Vitor Bento.
Cito:
"... uma das medidas mais eficazes como sucedâneo da desvalorização da moeda é a diminuição das contribuições para a segurança social compensando a perda de receitas com o aumento do IVA,... mas isso só terá efeitos se os preços no setor não transacionável baixarem efetivamente ..."


Como certamente repararam, a medida só faz efeito (Vitor Bento dixit) se os preços do setor não transacionável baixarem efetivamente.
Ora, tambem fazem parte das medidas da troica ou tríade o aumento dos preços dos transportes, da água, da energia, da saúde.
Isto é, a medida não vai ter efeitos.
Perdão, vai ter, os mesmos que tiveram os subsídios para a modernização do vale do Ave, há muitos anos, antes dos governos despesistas, quando o volume dos fundos alocados igualou o volume dos 
Lamborghini importados. 
Desejaria estar enganado, mas à boa maneira chico-esperta, a redução das contribuições para a segurança social não irá repercutir-se no abaixamento do preço do bem exportável, irá com maior probabilidade ser embolsada pelos senhores empresários.
E se pensarmos bem, onde está a novidade de "ser possível baixar o custo do trabalho sem baixar os salários", que os senhores economistas emproados apregoam? 
Não é isso que fazem os praticantes da economia paralela? não refletem no custo do produto nenhuma contribuição social, pois não? serão 40% do produto que não são contabilizados?

Continua assim Vitor Bento a ter razão, o grande problema é ter-se desprezado o setor transacionável, aquele que é suscetível de gerar exportações (e de evitar importações...).
Pena não terem explicado aos técnicos da troica ou tríade este fenómeno fascinante, como diria Mr Spock.


Nota: Continuando com o tema de Vitor Bento, de privilegiar o setor de bens transacionáveis, eu sugiro que se pense também em serviços transacionáveis (de que o melhor exemplo é o turismo), estabelecendo como meta que qualquer empresa do setor não transacionável deveria inscrever pelo menos 10% do seu produto em atividades transacionáveis. Já aqui neste blogue se propôs coisa parecida, como o metropolitano de Lisboa fornecer a fiscalização da construção do metro de Luanda (ampliando assim os serviços que tem na Argélia).
Mas estranho é ver a própria troica ou tríade a abrir a porta e a empurrar para que as empresas de serviços, como as águas e a energia, ao privatizarem-se, caiam em domínios exteriores e assim aumentem as importações através da exportação de mais valias  . Isto é, passem a uma situação pior do que atualmente (com o aumento do PNB, mas com a diminuição do PIB - não acreditam que as melhorias de produtividade e de contenção de importações que a gestão privada possa fazer tenham um valor superior ao das mais valias exportadas, pois não? ou haverá quem acredite em histórias da branca de neve no século XXI?).  

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