quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mais um livro de Vitor Bento: Economia, moral e política

O livrinho vem anunciado nas carruagens do Metro e é editado pela fundação Manuel dos Santos, já aqui falada.
Este blogue também já tinha comentado, em 22 de Abril de 2011, em
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2011/04/vitor-bento-e-sua-solucao-para-o-no.html
 outro livro de Vitor Bento,   "O nó cego da economia - como resolver o principal bloqueio do crescimento económico" .
Transcrevo novamente deste livro:   "... o nó cego da nossa economia é a transferencia, desde 1990, da rentabilidade do setor transacionável para o setor não transacionável ... que, sendo o setor de menor produtividade,  vai retirando renda e recursos ao setor transacionável, de maior produtividade, mas que vai assim reduzindo a sua produção ... à volta do setor não transacionável desenvolveu-se uma aliança de interesses que resistirá a qualquer mudança (Estado, empresas públicas e grandes empresas) ...".


A grande questão será assim uma mal orientada transferencia de rendimentos.
Falha de pontaria, de acerto no objetivo da eficácia.
Daí o interesse em conhecer os valores relativos das distribuições de rendimentos, por exemplo, que percentagens vão para cada um dos fatores de produção.


Depois voltou em Maio este blogue ao tema da taxa social unica, conforme o ponto de vista de Vitor Bento, em 

julgando que por falta de atenção a esta análise de Vitor Bento muita ilusão está sendo construida em torno da medida de redução da taxa social unica.

Interessa-me agora transcrever do novo livro , Economia, moral e política, esta pequena pérola:   "... um gestor que, no meio de uma aguerrida competição por resultados, procure respeitar princípios éticos fundamentais e se recuse a usar truques contabilísticos (o escriba deste blogue acrescentaria: e informáticos) para inflacionar resultados ... apresentará piores resultados. Sairá perdedor da competição e terá como consequencia uma menor remuneração... ou será preterido por um gestor mais atualizado com os desvalores da época... Assim se estabelecendo uma hierarquia social ordenada pelo valor socialmente reconhecido como dominante - a riqueza   material. O caminho que conduziu à recente crise financeira internacional está pejado de exemplos deste processo de seleção e dos resultados a que ... acaba por conduzir, demonstrando ...a irracionalidade da moralidade que orienta este processo."

Diria este blogue que é o sistema que se destroi a si próprio, que determina a sua insustentabilidade, enquanto uns quantos dão a volta e conseguem sobreviver e continuar a reproduzir comportamentos (não esquecer que os responsáveis da reserva federal dos USA e da Goldman Sachs continuam no poder em Washington, ao mesmo tempo que os indicadores económicos e as tensões sociais nos USA se agravam).

Também muito interessante  a explicação que Vitor Bento dá do interesse egoista de Adam Smith que ele próprio, Adam Smith, limitava e condicionava pelo interesse público, condenando assim a ganancia que caracteriza os modernos empresários.

Pena Vitor Bento ser tão desconfiado relativamente ao pensamento económico não liberal, classificando-o inapelavelmente como determinista.
Na verdade, qualquer disciplina que meta matemática, nos tempos que correm, não se limita a modelos deterministas, e parece-me que uma economia não liberal pode não ser determinista (Marx que me perdoe, mas ele próprio dizia que as coisas se transformam).
Os físicos já perceberam há muito tempo que a mecânica relativista é uma coisa e a mecânica newtoniana e determinista é outra, mas que esta é válida nos seus domínios.
Não há (pelo menos por enquanto, a lei universal unitária).
Pelo que não deveriamos ser tão dogmáticos.
Salvo melhor opinião, claro.



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