sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O PIB-I : O PIB em 2011

Não têm significado especial as contas do quadro Excel em
https://skydrive.live.com/edit.aspx/PIB%20para%202011%20previs%C3%A3o%20em%2018AGO2011/o%20PIB%20em%2018AGO2011%20-%20Edit%C3%A1vel%20.xlsx?cid=95ca2795d8cd20fd&sc=documents

É apenas um exercício motivado pela obsessão dos cortes na despesa publica do atual governo, uma obsessão que foi essencial na campanha eleitoral, que leva o governo a fazer má figura com os nossos vizinhos cortando no TGV e sabe-se lá se no Alqueva, e que suscita estranheza quando vem agora dizer, em 18AGO2011, que só apresentará o plano dos cortes em Outubro de 2011.

Em economia, nomeadamente com os componentes do PIB, é impossivel mexer numa variável sem que as outras não dêem de si.
Mas cortar nas despesas publicas induzirá uma diminuição por redução do consumo publico.
Fizeram-se no referido quadro Excel  uns cálculos para a hipótese de redução do PIB de 5 e de 10% (não esquecer que quer a contração da despesa publica, quer o aumento dos impostos estimula a economia subterranea  que não conta para o PIB).
Se os cálculos estão corretos,   para cortes da despesa superiores a cerca de 15% (o que será uma verdadeira barbaridade, incluindo redução de salários), não será necessário aumentar as receitas; mas abaixo desse valor, à medida que o PIB vai diminuindo, a receita necessária para atingir o objetivo do defice de 5,9% aumenta mais do que a despesa; isto é, os cortes vão induzir diminuição do PIB e necessidade de maiores aumentos de receitas (impostos e venda de aneis, isto é, privatizações); não admira que o governo , em 18AGO2011, esteja a adiar o anuncio dos cortes na despesa, para alem das irrelevantes economias no ar condicionado e nas luzes desligadas.
De acordo com a informação do INE, tomou-se o valor do PIB de 2010, da despesa publica e do defice (já incluindo as contribuições para o BPN, BPP, scuts e empresas publicas).
Considerou-se o objetivo da troica para o defice em 2011 de 5,9% do PIB e experimentaram-se diminuições de 5 e 10% para o PIB e de 20, 15, 10 e 5% para a despesa.
Depois calculou-se a variação da receita publica necessária para conseguir o defice de 5,9%, concluindo-se que a partir de cortes na despesa da ordem de 15% a receita necessária para atingir o objetivo cresce mais depressa do que a redução da despesa.
Dificil, o jogo de números.
Melhor seria compreender o valor das coisas e deixar o custo em segundo plano, o que parece ter sido o que o senhor ministro espanhol explicou ao senhor ministro português a propósito do TGV.
Assim como assim, não parece tão grave como isso a dificuldade em atingir o objetivo nem justificar-se o empolamento do trabalho necessário, nem estar a poupar com o TGV.
Dificil não é fazer um exercicio de contabilidade, cortando uma percentagem da despesa publica. O senhor ministro das finanças então, com aquele indicador e polegar apertados, não terá mesmo dificuldade nenhuma. Dificil é perceber como as cisas funcionam, o que pode ser cortado e o que não deve ser cortado, e o que deve ser investido.
Cortar uma percentagem na despesa não será mais, afinal, já que o senhor ministro gosta de literatura clássica, e Shakespeare vem a propósito, "Tanto barulho para nada".
Como eu dizia aos meus jovens colaboradores, não fica bem estar a empolar a importancia e a dificuldade do próprio trabalho, porque pode indiciar excesso de necessidade de valorização da auto-estima.
O trabalho dos outros tambem tem valor.



PS - Segundo noticia de 22 de Agosto de 2011, a receita publica cresceu 4,4% nos 7 primeiros meses de 2011 e a despesa publica diminuiu 4,8%.
De acordo com o quadro supra, para uma redução do PIB de 5% e da despesa de 5%, a receita deveria ter aumentado 19% para se atingir o objetivo do defice de 5,9%.
É possivel que a discrepancia se deva ao valor de 5% de quebra do PIB (o senhor governo prevê 2,3% de quebra em 2011; eu penso que está a ser otimista, ou então é a mentalidade daqueles meninos maus, que pisam o pé dos outros e acham que não interessa nada que lhes doa, que ninguem há-de reparar para os castigar, e que mesmo que reparassem não mereciam o castigo; com estas medidas de austeridade duvido que o PIB só contraia 2,3%, e contraindo mais, como reação em cadeia, haverá que aumentar a receita e os cortes da despesa para atingir os 5,9% do defice, castigando assim as vitimas e não os algozes, salvo melhor opinião), ou então, simplesmente, a discrepancia deve-se a erro dos meus cálculos.


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