quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Atualização de uma anedota económica

Atualizo assim uma anedota económica que circulou por email há uns tempos.

1 - O senhor ministro da economia conseguiu um "break" da troica e voou para a Madeira com um cheque de mil milhões de euros para prolongar o molhe do porto do Funchal, aproveitando os aterros da cheia que empastelam o porto.
Explicou ao governo regional que não havia ainda a certeza de a troica autorizar o investimento daquele milhão no prolongamento do molhe, que contribuiria para o aumento das receitas do turismo de cruzeiros, especialmente dos ligados às Canárias e a Cabo Verde, e para estimular o desenvolvimento da industria no arquipélago, criando condições para a exportação e alterando o numero crítico de 80% da população dedicada aos serviços e apenas 6% à indústria.
Ele próprio não concordava porque as viagens da Madeira para o continente podiam passar a fazer-se de barco e ficariam mais baratas em termos de combustível.
Mas que, enquanto não viesse a resposta, podiam utilizar o cheque, que depois seria devolvido se não aplicado no molhe.
2 - o governo regional agradeceu muito e, assim que o senhor ministro da economia apanhou o avião, correu a pagar a dívida que tinha a dois ou três empreiteiros que lhe tinham feito os últimos furados (tuneis, em madeirense);
3 - os empreiteiros rebentaram de alegria e apressaram-se a liquidar a dívida que tinham aos bancos, ou a alguns banqueiros, não interessa agora ao caso;
4 - os banqueiros também regozijaram e enviaram um homem de confiança, que por telemóvel agora nunca se sabe, às agencias de acompanhantes que prestavam serviço aos viajantes de negócios e aos participantes nas obras, e que já não recebiam havia alguns anos, devido ao acumular da crise;
5 - como as gerentes das agencias eram senhoras sérias, não demoraram a pagar as dívidas que tinham aos hoteis onde prestavam serviços;
6 - e por maioria de razão no que toca a seriedade, os hoteis beneficiados com a liquidação da dívida resolveram finalmente devolver o dinheiro que o governo regional tinha empatado neles e na cadeia de restaurantes que complementava a oferta turistica, e enviaram o cheque ao governo regional
7 - foi quando o senhor ministro da economia recebeu a noticia de que a troica tinha pensado melhor, possivelmente porque os mercados do turismo francês e espanhol não gostaram da ideia das receitas do turismo madeirense e da industria do arquipélago crescerem, porque isso aumentava o valor em bolsa da Madeira, e tinha pedido o milhão de euros de volta.
E assim foi, a senhora super chefe de gabinete do senhor ministro enviou um email a pedir o cheque de volta e o governo regional devolveu-o.

Moral da história: não parece haver nenhuma semelhança com a realidade, mas considerando que o volume de moeda aumentou 5 vezes, que o PIB também cresceu com as mudanças de mão do cheque, e que ninguém foi prejudicado, antes pelo contrário, podia ser que fosse uma solução.
Anunciar-se um investimento de vulto, pôr-se o dinheiro a circular, suspender sine die o empreendimento e recolher o dinheiro depois de uma volta benfazeja.
Podia ser que fosse, uma solução, não sei, que não sou economista.

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