sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Conta do Twitter de P.P.Coelho até ao dia 5 de Junho de 2011

Com a devida vénia ao DN, transcrevo alguns textos do Twitter da conta de P.P.Coelho, atual primeiro ministro de Portugal, no dia seguinte à sua visita à Alemnha, onde manifestou grande interesse em que a Eon, empresa alemã de energia compre os 20,4% da EDP que dão dividendos ao Estado português, e tranquilizou os investidores garantindo que a sua política taxará preferencialmente os rendimentos do trabalho e não os do capital :
1 - "não se põe um país a pão e água por precaução"
2 - "nas despesas correntes do Estado, há 10 a 15% de despesas que podem ser reduzidas"
3 - "vamos ter de cortar em gorduras e de poupar"
4 - "os que têm mais terão de ajudar os que têm menos"
5 - "o governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU"
6 - "a ideia de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento"
7 - "se formos governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema financeiro português"
8 - "o PSD chumbou o PEC4 porque ... a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte do rendimento"
9 - "nós nunca falámos disso (acabar com o 13º mês) e é um disparate"
10- "como é possível manter um governo em que um primeiro ministro mente?"

A interrogação 10 tem a data de 5 de junho, anterior às eleições, mas parece ter validade alargada.
Hoje mesmo no DN vem a noticia do fecho de mais escolas do 1º ciclo até 60 alunos, do fim de quase 5000 contratos  com professores de todos os ciclos e da não colocação de 35.000 professores.
Diminuir o numero de professores é uma medida de poupança, que segundo a terminologia acima do Twitter corresponde a eliminar gorduras.
Salvo melhor opinião, é uma ofensa às pessoas que têm dado o seu esforço a ensinar crianças e que não são gorduras.
É também um fator de risco de crescimento do insucesso escolar e correspondente repercussão na criminalidade juvenil daqui por 5 anos.
Quanto ao fecho das escolas, temos aqui um exemplo simples de caciquismo, que é uma forma portuguesa de tribalismo. As próprias câmaras concordam, talvez porque se estimulam o negócio do transporte e  benefícios para as sedes dos agrupamentos, em detrimento das pequenas povoações, que cada vez serão menos habitadas. Verifica-se mais uma vez aqui o teorema de Fermat-Weber, de agravamento das concentações, de que também é exemplo o sucesso das grandes superficies comerciais à custa da falencia das pequenas lojas e da assunção dos gastos de combustível pelos clientes.
Não é claro que os custos e os prejuízos para o seu descanso e paz de espírito com o transporte das crianças (acrescem os riscos da sinistralidade rodoviária especialmente nos dias de mau tempo) sejam inferiores aos custos da manutenção da escola e colocação de professores.
Prevaleceu assim a vontade de um governo e das câmaras em detrimento das freguesias, o que é sintomático, quando vemos o governo, ao arrepio do memorando da troica (que inscreveu a redução de câmaras e de freguesias, e não só freguesias), não querer beliscar o clientelismo das câmaras municipais.
Tenho pena de ver o professor Nuno Crato no meio desta tormenta sem ao menos lançar uma âncora para ver se a educação não bate nos rochedos.
Antes os tempos em que ele falava da implosão.
Ao menos podia-se dizer dos ministros que não sabiam o que estavam a fazer.

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