quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Splendidissima civitatis

Ruinas romanas de Bobadela, perto de Oliveira do Hospital.



Referem as monografias locais que o arco se manteve de pé, sobre a calçada, desde a decadencia romana.
As colunas do forum, que se pensa estaria adjacente ao arco e porta principal da cidade, vão sendo pacientemente reconstituidas.




A arena para os jogos para divertimento da população (panem et circenses), com um balcão para as pessoas importantes da época, foi reconstruida a partir dos restos dos muros e das paredes que escaparam ao reaproveitamento nas construções da aldeia.
Floresceu assim entre os séculos I e IV DC, no que é hoje a Beira Alta a poente da serra da estrela, uma cidadezinha de administração romana, possivelmente ponto de passagem entre o interior e o litoral (ou de ligação ao sul?).


À decadencia romana, possivelmente motivada pela insustentabilidade económica do modelo de cidades e vilas rurais servidas por escravos (demonstração prática da lei dos rendimentos decrescentes à medida que aumentamos fatores de produção) seguiu-se o modelo de exploração agrícola em unidades com sentido comunitário que tiveram ainda de sustentar o feudalismo nascente, no meio das guerras mais ou menos tribais descritas como a invasão dos bárbaros, a invasão árabe, a reconquista cristã, a formação do sacro império romano do ocidente, da França e dos reinos normandos, as cruzadas, as lutas da independencia relativamente a Castela.

Tudo isto para dizer apenas que por mais destrutiva que seja uma  mudança de modelo de produção e de ocupação da terra, por maior que seja a ganancia de quem quer aproveitar-se do que existe, ou por maior que seja o desprezo a que a cultura seja votada, alguma coisa consegue resistir à força de quem destroi.
Umas vezes inconscientemente, em ignorancia plena e narcisista, com a atenção concentrada em outros conceitos; outras vezes conscientemente, por oposição a quem construiu o que se destroi, e que se prefere desprezar em vez de estender a mão.

Donde, como parece muito dificil destruir completamente o que quer que seja, e fazê-la desaparecer completamente, não deverão as pessoas andar muito tristes por verem as mudanças que vão ocorrendo.
Alguma coisa sobreviverá.

E pensar que, se preferisse fotografar vestígios arqueológicos mais antigos, da ocupação celta, teria aqui também, na Beira Alta,  várias antas, de tipo diferente das antas alentejanas, com um corredor comprido de acesso às pedras principais.
Mas como já disse ao meu amigo arqueólogo, prefiro o período romano, talvez por causa das pontes de Vitruvius e seus colegas.


Ponte romana sobre o rio Alva, entre duas margens desniveladas, a sudeste de Bobadela, em Alvoco das Várzeas 









Sem comentários:

Enviar um comentário