quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A novela do PET em 23 de outubro de 2011

Enquanto começam as manifestações dos trabalhadores das empresas públicas de transportes contra a ameaça de pesadelo dos despedimentos e esvaziamento das empresas, e os protestos dos presidentes de câmaras contra as supressões de ligações ferroviárias de passageiros, inicia-se também um interessante debate de banqueiros sobre as medidas do PET relativas às empresas públicas de transportes.
Gostariam, os banqueiros, que o governo pagasse as dívidas das empresas públicas (será que estão a pensar em antecipação do pagamento da totalidade das dívidas?). Mas não, vão ser alvo de uma recapitalização forçada. A taxa de cobertura dos empréstimos concedidos sobre os depósitos é de 140% e vão ter de baixar para 120% (será por causa disso que o senhor ministro da economia e transportes acha que uma taxa de ocupação de um metropolitano de 20% é baixa, por a oferta ser superior 400%?).
Vem a correr o senhor primeiro ministro, como se dissesse "não é o que estão a pensar", dizer que o estado utilizará os 12 mil milhões que a troica disponibilizou para o efeito mas ficará acionista passivo, à espera de entregar as ações aos privados (a troica não veria com bons olhos mais uma sortida do BIC angolano no mio bancário português?). Disparate, nacionalizar bancos. Os bancos servem para espalhar a felicidade pelos povos e só são bem geridos se privados, pese embora a crise ser consequencia da atuação dos bancos, seguradoras e instituições financeiras privadas.
Por isso o senhor presidente do BES vem tambem dizer que o Banco de Portugal está a ser injusto porque quer os juros altos na parcela dos empréstimos concedidos, o que ajuda a dar cabo da taxa. E os bancos coitados, têm agora um problema de liquidez (antigamente, quando se controlava a moeda, pagava-se o custo de repôr os níveis de liquidez fabricando moeda e aguentando o aumento da inflação, nem oito nem oitenta, mas a contenção atual dos preços ajuda a crise, salvo melhor opinião) porque no ambiente competitivo  (que queriam? não sabiam que o risco da concorencia é a exaustão dos concorrentes?) têm andado a oferecer juros cada vez mais altos para captarem poupanças. Que horror, não era exatamente isso que o Ponzi e a Dona Branca faziam? Floresciam pagando juros altos enquanto houvesse clientes a entrar. E estamos nisto?
Entretanto, os senhores banqueiros gostariam mesmo que na próxima ronda de novembro com a troica, as dividas das empresas publicas ajudassem a fundamentar a concessão do alargamento do prazo de liquidação da dívida (nada a opor da minha parte) porque na negociação primitiva não devem ter explicado muito bem, ou então a troica não deve ter compreendido as especificidades da gestão à portuguesa do setor dos transportes.
Talvez se esteja preparando uma edição especialmente dedicada à troica do Plano estratégico dos transportes, quem sabe?

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