segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A novela do PET em 24 de outubro de 2011 - 3 perguntas a senhores governantes

Embora estas 3 perguntas pareçam políticas, não o são, são questões técnicas a propósito da estratégia do governo para as empresas públicas de transporte.
Tenho de informar qual o sentido que dou à expressão "questões técnicas", porque eu sou um técnico de transportes, coisa de que eu sei muito pouca coisa mas os senhores 3 governantes aparentam nada saber,  e os senhores 3 governantes são técnicos de gestão e economia, coisas de que sabem certamente muito, muito mais do que eu, pese embora essa sabedoria ser orientada para objetivos antes da análise concreta de dados firmes (uma pequena ilustração desta atitude é a citação do senhor secretário de estado dos transportes: «Quando tivermos dados mais objectivos em cima da mesa as primeiras pessoas com quem falaremos são os trabalhadores e as organizações que os representam e procuraremos através desse diálogo encontrar formas de mitigar o impacto que eventuais despedimentos possam ter» - por que bulas, como se diz no interior desprezado do país, se tem já uma estratégia definida quando se está à espera de dados mais objetivos?).
Não tenho esperança de que as perguntas cheguem aos destinatários, mas faço-as à mesma.


Pergunta 1, ao senhor ministro Vitor Gaspar que, ao que leio, chamou ciclo virtuoso ás recessões periódicas:
- considerando que em consequência da natureza desse "ciclo virtuoso", de cada vez que ocorre mais uma recessão, o capital necessário para financiar os bancos é cada vez maior em valor absoluto e em valor relativo, que se acentua a desigualdade entre as pessoas que sofrem o desemprego e as que conseguem atravessar a recessão com rendimentos razoáveis, e no pressuposto de que concorda com os considerandos e explicaria porquê por palavras entendíveis por leigos no caso de não concordar, continuaria a chamar "ciclo virtuoso" à situação que vivemos se, longe vá o agouro (sinceramente o digo, não excluo ninguém da população ativa do meu desejo de pleno emprego), o senhor ministro caísse no desemprego sem conseguir arranjar emprego?

Pergunta 2, ao senhor ministro da economia e transportes Álvaro Pereira que, ao que leio, admite despedimentos na sequência da fusão de empresas publicas de transportes:
- considerando que é uma boa prática no planeamento e gestão de empresas de transporte a análise de custos-benefícios de qualquer empreendimento ou atividade durante toda a sua vida útil, sendo que nos benefícios deverão ser contabilizadas as vantagens decorrentes para a comunidade, e nos custos os prejuízos da manutenção da situação sem o empreendimento ou a atividade, que as estatísticas indicam que é reduzida a percentagem de sucesso das iniciativas lançadas por recem-desempregados, e no pressuposto de que concorda com os considerandos e explicaria porquê por palavras entendíveis por leigos no caso de não concordar, foram já contabilizados os prejuízos para a comunidade desses despedimentos, incluindo custos com tratamento de depressões, de perda de produção, de indemnizações, de subsidios de desemprego, de agravamento das situações de conflito social com a devida contabilização dos custos com as vítimas?


Pergunta 3, ao senhor secretário de estado dos transportes Sérgio Monteiro que, ao que leio, classificou como colossais os desequilibrios entre receitas de exploração e gastos com pessoal:
- considerando que foi por vontade dos sucessivos governos de várias cores que os preços dos títulos de transporte têm sido mantidos artificialmente baixos, que é um fator de desagregação social lançar anátemas sobre grupos sociais ou invocar o serviço público em benefício de populações que de acordo com os dados estatísticos são também vítimas de desemprego por aplicação das mesmas medidas que provocarão o despedimento de funcionários de empresas públicas de transporte,  que se têm verificado ao longo dos anos distorções na distribuição das receitas dos passes sociais, que privados como  a Fertagus ou algumas empresas de camionagem suburbana têm recebido tratamento preferencial em termos de remuneração da prestação de serviço social quando comparadas com operadores públicos, e no pressuposto de que concorda com os considerandos e explicaria porquê por palavras entendíveis por leigos no caso de não concordar, acha que os trabalhadores das empresas públicas de transportes são culpados dos "desequilíbrios colossais"?



Sem comentários:

Enviar um comentário