segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sugestões (1) para o plano estratégico de transportes - modo ferroviário urbano - 1.definições


Sugestões para o plano estratégico - modo ferroviário urbano 
1 - Definição de eficiência, ou rendimento, ou produtividade


Uma empresa de transporte ferroviário urbano precisa de melhorar continuamente a sua eficiência.
Eficiência ou produtividade significa dividir uma quantidade de produção por uma quantidade de fator de produção.
Neste caso o produto é o lugar.km, antes de ser vendido; e é o passageiro.km quando é vendido.
A quantidade de passageiros.km  é a soma em km dos percursos de todas as viagens realizadas por todos os passageiros no período considerado. 
Colocando os km percorridos por cada um, uns à frente dos outros, obtém-se a quantidade de passageiros.km produzida.
Temos uma eficiência quando dividimos, por exemplo, os passageiros.km pelo total da despesa.
Um dos fatores indispensáveis para uma boa eficiência é uma boa taxa de ocupação, que se obtem dividindo os passageiros.km vendidos pelos lugares.km produzidos.
Uma das razões da ineficiência de qualquer modo de transporte é uma baixa taxa de ocupação.
As companhias "low-cost" chamaram a atenção para este problema, vendendo lugares abaixo do preço de custo, que de outro modo viajariam desocupados em pura perda.
Temos uma eficiência energética, quando dividimos os passageiros.km pela energia total consumida (se utilizarmos o inverso, obtemos o indicador de consumo de energia total específico por passageiro.km).

Não  vos  falo  da  necessidade  de  aumentar a  eficiência com a  inconsciência e a distância dos factos reais com que os economistas ou os gestores recem-chegados ao poder nos falam na televisão, exibindo tantas vezes aquela dificuldade de interpretação da leitura de notícias ou de relatos que nos carateriza a nós portugueses, como o comprovam os resultados do PISA da OCDE, ou propalando ideias-receitas nascidas em reuniões partidárias.
Falo com base nos números registados.

De ano para ano o metropolitano de Lisboa está a gastar mais energia elétrica em valor absoluto e a um ritmo mais elevado do que o crescimento de passageiros.
A taxa de ocupação dos seus comboios está a baixar, porque não conseguimos bater o concorrente principal, que é o automóvel privado.
Está a baixar a sua eficiência energética e a aumentar o  consumo específico e emissões específicas de gases com efeito de estufa; devemos puxar o sinal de alarme.
Posso estar a ser maçudo por falar nisto, mas creiam que, nos tempos que correm, todos devemos lutar para contrariar isto (existe um problema planetário ao nível da produção de energia primária; existe uma correlação forte entre o aumento das emissões de CO2 e as alterações climáticas prejudiciais).

Os cidadãos e cidadãs são os donos das principais empresas de transportes urbanos porque os seus investimentos e a cobertura dos seus défices são feitos com dinheiros públicos. 
Porque se nos falam em austeridade é no corte das despesas públicas e nos serviços públicos como este que vão incidir os cortes mais violentos, não nas despesas dos grupos privados industriais ou de serviços. 
Os donos destas empresas, especialmente aqueles cujos rendimentos de trabalho delas provêm, são quem paga mais pela sua falta de resultados.
Poderemos atuar como cidadãos em sentido diferente, utilizando as estruturas políticas, tentando que a repartição dos sacrifícios atinja também a faixa da população beneficiária da maior parte dos rendimentos, sem com isso querer afugentar os investidores ou “enervar os mercados” ou penalizar diferencialmente os beneficiários de rendas ou dividendos (as chamadas atividades produtoras de bens não transacionáveis).

Mas, independentemente disso, os resultados da empresa não podem deixar de se refletir no rendimento que pode ser gerado e distribuído pelos seus trabalhadores. 
A sustentabilidade dos vencimentos dos seus trabalhadores depende dos resultados da empresa; não devemos esperar que as indemnizações compensatórias resolvam tudo, até porque também são dinheiros públicos.
Nesta perspetiva, o objetivo de cobrir as despesas de exploração e manutenção com as receitas de exploração é essencial e deverá orientar o controle de gestão da empresa, sendo certo que o preço do custo deve tender para igual ou inferior ao preço de venda e devem ser facilmente quantificáveis todos os benefícios que contrariem essa equação ou inequação.
Porque não devemos viver isolados em redomas; temos de estar atentos ao que se passa em volta.

Esta questão é com todos nós, termos de aumentar a taxa de ocupação dos comboios e a eficiência das empresas.






(continua - ver o capítulo seguinte em:




                                                 




Sem comentários:

Enviar um comentário