segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A arte. Uma fala de governante


Esta inscrição encontra-se no Forum de Almada.
O autor da frase é uma figura destacada da cultura portuguesa do século XX que soube colocar as suas aptidões naturais e as suas competências ao serviço da comunidade, apesar de ter sido impedido por despacho de Salazar de exercer no Conservatório.

Hoje, já não é necessário proibir.
Basta cortar no orçamento da cultura.
Há pouco, na Antena 2, o diretor da ESMAE (escola superior de musica e de artes do espetáculo, do Porto), afirmava que uma escola de musica precisa de muitos anos para se pôr de pé, para ser reconhecida internacionalmente.
Mas que bastavam uns dias para ser destruida.
E que quando as mentes economicistas se debruçam sobre o ensino de um instrumento musical podem ter ideias que condenem esse mesmo ensino (confesso que sempre me admirei da miséria não ter impedido até agora o funcionamento das orquestras sinfónicas da Roménia, da Moldávia, da Ucrania, por aí fora).

Lembrei-me depois das declarações e dos protestos de defesa da cultura pelo próprio atual senhor secretário de estado da cultura num simpósio sobre os direitos de autor na era digital integrado no festival de cinema do Estotil, como se rasgasse as vestes perante a crise financeira que estrangula a cultura.

Malabarices, Cais do Sodré, Lisboa, novembro de 2011

Hoje vivemos uma crise financeira aguda que tem por base a decadência do modelo de pensamento ocidental e chegámos aqui pela desregulação do próprio modo de vida e pela falta de ideias de como a vida podia ser e se podíamos ter evitado este abismo a que a economia nos conduziu.
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Nunca precisámos, como hoje, de defender os direitos dos autores e da criação. Se não tomarmos providências, uma atitude legislativa, daqui a uns tempos vai restar-nos apenas o veículo [Internet] o que é muito injusto para os criadores".


Ficam muito bem estes sentimentos, especialmente perante uma plateia de potenciais interessados na legislação entretanto anunciada, e é de aplaudir uma análise que repõe o foco nos principais artistas ocidentais da crise.
Mas como este humilde escriba sempre foi uma pessoa mediana na sua esfera de ação, sem capacidade de criador, apenas com mentalidade de intérprete do que outros criaram, ao contrário de muito boa gente no nosso meio artístico, talvez por limitação própria ele ache que o esforço, para desenvolver a vida cultural em Portugal, para rentabilizar o trabalho das pessoas que se dedicam a atividades culturais neste país e para tirar destas o rendimento monetário que elas podem gerar (1% do orçamento para a dinamização do setor, era a meta...) , se deveria concentrar em valores culturais seguros, como se diz em economia.
Salvo melhor opinião, claro, desejando sinceramente que a legislação anunciada contribua para a melhoria da vida cultural em Portugal.

Chaminés da cozinha do palácio da independencia em Lisboa, em noite de teatro de um grupo senior, representando O crime da aldeia velha, de Bernardo Santareno









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