quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Economicómio LXXIV - Fluxo de capitais

Dum editorial do DN retiro a seguinte informação:
- cidadãos gregos depositaram em bancos suiços 280 mil milhões de euros, valor superior ao da dívida grega;
- no 3º trimestre de 2011 cidadãos italianos fizeram o mesmo no valor de 80 mil milhões de euros;
De acordo com um discurso de Francisco Louçã, aos 9 de novembro de 2011, a transferencia de divisas de Portugal para off-shores atinge 6 milhões de euros por dia, ou 1.600 milhões de euros por ano.
De acordo com informação de cuja origem não me recordo, os depósitos de particulares nos bancos portugueses atingiram o valor de 127 mil milhões de euros, valor superior à divida pública portuguesa, incluindo autarquias e empresas públicas.

Nestas condições, custa a um ignorante de economia como eu acreditar na tese bancária de que há problemas de liquidez.
Perante a existencia destes numeros, a proposta de Francisco Louçã é a de taxar os bens patrimoniais de luxo, incluindo depósitos elevados.
Isso permitiria reduzir os cortes do 13º e 14º meses.
Porém, subsiste a questão de se ter prometido à troica que as poupanças a obter viriam 1/3 do aumento da receita e 2/3 da diminuição das despesas.
Alguém se enganou na avaliação das "gorduras" do Estado, embora elas tivessem sido muito faladas durante a campanha eleitoral. Tanto falaram nelas que nelas acreditaram.
Afinal o Estado não era tão gordo como isso e os institutos e fundações, embora  tivessem dado abrigo a correlegionários, e apesar da baixa produtividade, até prestavam serviço útil e agora há dificuldade em cortar nas suas despesas.
Mas vamos admitir que há problemas de liquidez.
Os manuais falam na possibilidade de emissão de moeda e de desvalorização da moeda (do euro), pagando o custo do aumento da inflação, mas beneficiando da diminuição do desemprego (lei de Philips: o custo de vida sobe quando o desemprego diminui).
Salvo melhor opinião, seria o programa de trabalho para os governos, mas algo me diz que não é isso que os senhores governantes desejariam, diminuir o desemprego.

É pena, porque Francisco Louçã diz que há alternativa ao orçamento para 2012 e que vai apresentar as contas  que demonstram que não seria necessário cortar os 13º e 14º meses.

Aguardemos então essas contas.


2 comentários:

  1. Em Portugal tb estamos a assistir à mesma fuga de capitais.

    http://www.youtube.com/watch?v=MASqcV6VrEc

    Embora concorde que temos um problemas de finanças públicas, eu penso que o verdadeiro problema está no sistema financeiro, que está podre e, na minha opinião, sofre de doença incurável.

    Aproveito para o felicitar por este blog, descobri-o na semana passada e tenho vindo cá quase todos os dias. Fiz um link em:

    http://aventar.eu/2011/11/08/campanha-de-difamacao-dos-transportes/

    Helder Guerreiro

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  2. Agradecido pelo comentário.
    Retribuo, confessando que já tinha visitado e apreciado o aventar.
    Há dias o dr Medina Carreira disse que provavelmente seriam necessárias medidas protecionistas. De facto o sistema financeiro tal como está e depois do que fez antes e depois da crise do Lehman Brothers parece que não tem cura, mas como convencer os governos a mudá-lo? Vamos insistindo conforme pudermos, não é?

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