terça-feira, 15 de novembro de 2011

In time, footprint



      In time
       Footprint


In time é um filme dos USA de    Andrew Niccol . Sem tempo, em Portugal                   
   
Footprint, pegada ecológica em português, é a procura de
recursos naturais medida  pela superfície de terra e mar
necessárias para o sustento da pessoa, empresa ou país dessa pegada, e para absorver os resíduos e o CO2 por eles
produzidos num ano.
Biocapacity, ou oferta de recursos biológicos,  varia todos os anos em função da gestão do território e do clima



A ideia de partida do filme é a substituição da moeda por tempo. Geneticamente, toda a humanidade passou a dispor, à nascença, de 25 anos de vida. Ninguém envelhece. Deixou de existir a moeda. A remuneração do trabalho, ou o produto do roubo ou extorsão, passou a ser o tempo, cujas unidades são inseridas no relógio pessoal ao fim do dia de trabalho ou no ato do roubo. Morre-se quando o relógio fica a zeros. Uns têm muito tempo e vivem em zonas de luxo. Outros têm só o tempo para um dia, que têm de renovar no dia seguinte no local de trabalho, recebendo mais um dia e um tempo para aquisição de comida, e vivem em zonas pobres.
                                             



“É necessário ir alem do PIB como medida do progresso e desenvolver indicadores complementares que nos permitam compreender melhor as questões sociais e ambientais … se vamos mudar a maneira como as pessoas pensam o mundo
em que vivem, então este é um trabalho coletivo que precisa
de ser acelerado ."


     Stavros Dimas, Comissário europeu para o ambiente
Como o tempo não é uniformemente distribuído, os acumuladores de tempo aumentam periodicamente o custo em tempo dos alimentos, dos bilhetes de autocarro, ou  diminuem o numero de unidades de tempo com que remuneram os assalariados, para que a população das zonas pobres não se torne excessiva e para que as zonas de luxo possam sustentar-se e pagar os seus empréstimos.
A humanidade ultrapassou o orçamento dos recursos naturais disponíveis para  cada ano e está agora a viver a crédito acumulado por empréstimo da oferta de anos futuros.

Evolução da procura e oferta de recursos naturais em Portugal em ha/habitante:

Nas zonas pobres há lojas de penhores e agencias de assistência social onde parcimoniosamente são concedidos empréstimos de tempo. Há fronteiras com barreiras com leitores de tempo entre as zonas. Uns acumulam tempo, outros não conseguem evitar que ele se esgote e morrem. O herói rebelde segue o formato estereotipado  dos filmes norte-americanos: sozinho com a heroínas contra os guardiões do tempo e os acumuladores de tempo.


Por exemplo, se todos os cidadãos e cidadãs do planeta
tivessem o nível de vida nos USA, o planeta precisaria de uma superfície 5 vezes maior.
É mais um exemplo da desigualdade.
A superfície necessária para sustentar a população dos USA
(8 ha/habitante)  é cerca de uma vez e meia a  própria
superfície.
Para a China (2,2 ha/hab) – 3 vezes
Para Portugal (4,5 ha/hab) -5 vezes

Conseguem escapar, distribuem um milhão de anos pela população pobre e tornam-se numa versão futurista de Bonnie and Clyde.
É necessário alterar os padrões de comportamento e
de consumo, reduzindo a pegada ecológica. Isso não
se consegue só aumentando a eficiência. A crise
económica e financeira é a outra face da crise ambiental.
Pena o realizador não ter aprofundado, através de especialistas, as analogias com a economia politica real, em vez de ter dado preferencia aos aspetos lúdicos das perseguições de automóvel através de estradas em regiões desertificadas e desumanizadas. Continua-se assim a alimentar a ideia messiânica do herói voluntarista, em detrimento da disseminação consciente das razões das coisas.

Pena os especialistas ecológicos não relacionarem mais claramente as questões ecológicas com o rumo suicida da exploração da terra pela economia internacional sujeita aos acumuladores de capital. Continua-se assim a alimentar
junto das populações a ideia mítica de que o interesse
egoísta e a minimização do estado social trazem a felicidade
 a todos, quando só soluções coletivamente participadas
poderão inverter o excesso de procura sobre a oferta.




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