sábado, 11 de fevereiro de 2012

Deuses, semideuses, patronos, perdoai-lhes



Xiuhtecuhtli



Deuses do fogo e do trabalho e semideuses esforçados, gregos ou romanos, celtas, aztecas e maias, indus, guaranis, africanos, cristãos, assim por ordem: Hefasto ou Vulcano, deus do fogo e do trabalho, senhor da forja e do ferro, Brigit e Grovannon, Xiuhtecuhtli e Huracan, Varuna, Angra, Ogum, Dunstan e Santo Eloi.
vós que na vossa forma humana trabalhastes o ferro e enfiastes as vossas mãos na matéria para a transformardes em objetos de afeto, em ferramentas, em utensílios de cozinha e de alimentação, embora também tivesseis temperado o ferro que matou para dar a supremacia a uns grupos sobre outros,
vós para quem o supremo desígnio é a produção de bens para a comunidade,
vós que devíeis ter protegido os vossos seguidores e os deixastes abandonados à fúria de uns poucos de obtenção de lucro acima de todas as preocupações sociais,
vós que assistis de forma comodista ao deslocamento inexorávelmente comandado pela lei dos rendimentos decrescentes da linha divisória da repartição dos rendimentos a caminho do capital em detrimento do trabalho,

ao menos perdoai-lhes,
que não querem ver que o fator trabalho nas empresas de produtos transacionáveis só tem o peso de 15% e portanto o efeito de uma medida vem multiplicado por 0,15, e numa empresa de fator intensivo como o metropolitano de Lisboa o peso é de 53% dos gastos operacionais e de 34% se considerarmos os gastos financeiros da dívida pública,

perdoai-lhes,
que não vêem o que fazem aos que vós devíeis proteger,

quando de forma  muito castelhana se inclinam melifluamente ao ouvido dos poderosos e sussurram:
"vamos aprovar uma reforma laboral muito agressiva, reduzir as indemnizações por despedimento"
e os poderosos de forma também muito, mas no seu caso, finlandesa, assentam " muito bem, isso seria estupendo". (pode ser que a redução das indemnizações possa induzir, mais cedo ou mais tarde, diminuição do desemprego como o senhor ministro espanhol veio, comprometido, explicar mais tarde; pessoalmente, não acredito nisso nem em fadas do bem, ou até acreditaria, se a reforma laboral aprovasse medidas para facilitar as admissões; mas não é essa argumentação que interessa; o que interessa é os senhores financeiros terem ou não capacidade para se imaginarem na pele de quem é despedido; como se sabe, a impossibilidade de imaginar o que sente outra pessoa é um sintoma grave de psicopatologia associada a funcionamento deficiente dos neurónios espelho)

Perdoai-lhes,
se puderdes,
se é que ainda ligais alguma coisa ao vosso mister,
depois deste tempo todo
e de toda esta culpabilização dos ferreiros.



Com a devida vénia ao DN que relatou as conversas informais antes da reunião dos senhores ministros das finanças, ou de como televisões privadas também fazem serviço público, ou de como vamos aguardar o próximo movimento dos senhores da finanças no sentido de preservar a sua privacidade para poderem dispor impunemente dos bens comuns.

Com a devida vénia também à wikipedia e ao seu artigo sobre os deuses ferreiros:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deuses_ferreiroshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Deuses_ferreiros

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