domingo, 22 de abril de 2012

Por do sol sobre a maternidade

Por do sol sobre a maternidade Alfredo da Costa




As altas e supremas instancias, na pessoa do senhor diretor da administração regional da saúde de Lisboa e Vale do Tejo, vieram explicar à população desinformada que, afinal, havia outra.
Havia outra razão, para o fecho da maternidade Alfredo da Costa, para alem das vantagens da concentração num grande hospital central e da ocupação de 50% da maternidade do hospital S.Francisco Xavier (é assim tão grave, uma ocupação de 50%? não é mais grave as pessoas não quererm ter filhos e ignorar-se a correção das causas desse não querer?) .
Que a reparação dos telhados custaria um milhão de euros.
Ai senhor diretor, senhor diretor, os orçamentos em Portugal valem para tudo, para justificar uma obra, e então minimizam-se, embora depois se tenha criado o conceito de derrapagem, ou para justificar uma não obra, e então empola-se o orçamento.


Pelas minhas contas, para 4000 m2 de telhados, daria cerca de 250 euro por m2.
Parece-me muito, senhor diretor; por esse preço o telhado era novo e com reforço até de pilares.
Sabe, antes de me cortarem os subsídios de Natal e de férias, havia um senhor mestre de obras que me fazia umas obras de conservação em casa.
Posso dar-lhe o contacto, que ele fará a reparação do telhado por um preço muito mais em conta.
Ou então, faça um concurso público como deve ser e verá que os preços "de mercado" são mais baixos.



Ah, é verdade, pese embora a douta opinião de alguns médicos especialistas que vêem de facto vantagem em transferir a maternidade para o novo hospital de todos os santos (e haverá dinheiro?), venho recordar humildemente a opinião de um técnico de transportes, que só vê problemas em concentrar serviços diferentes, desde aumento da distancia média das deslocações dos e das pacientes, congestionamento nos acessos, dificuldades de pagamento aos bombeiros das deslocações, até a um problema muito comesinho de transportes no próprio grande hospital - obriga a extensos corredores, o que é mau par pessoas com mobilidade reduzida (idosos, grávidas...).

É por isso que, não percebendo nada de saúde, vou escrevendo sobre o assunto, por uma questão de transportes, e vou confessando a minha total falta de confiança nos senhores decisores.

PS - E mais uma coisa, que aprendi nos sistemas de ar condicionado, cujo grau de centralização deve ser sempre controlado de perto, para minimizar a disseminação de virus e bactérias: a concentração de serviços hospitalares num grande hospital agrava o risco de propagação de virus e bactérias; acompanha-se um doente ao hospital e apanha-se uma bactéria na sala de espera; a douta comissão quantificou e avaliou esse risco (custos das medidas atenuadoras da disseminação dos virus e bactérias em caso de epidemia, gravidade das consequencias da inexistencia dessas medidas...)?

PS em 4mai2012 - o senhor secretário de estado da saúde, Manuel Teixeira, muito seguro de si na assembleia da República, veio afirmar que "não há alternativa à reorganização hospitalar em Lisboa". Este vicio de redundar as frases. Mas ele foi mais claro, diz que a ocupação de 66% da maternidade Alfredo da Costa justifica o fecho. Não justifica, o que se passa é que a legitimidade democrática da maioria lhe permite decidir assim.
Embora haja sempre alternativas; 66% é uma ocupação razoável, sem prejuízo de se estudar um faseamento para ir reduzindo a capacidade de partos neste país de nascimentos em queda.
Pode custar mais dinheiro a manutenção desta e das outras maternidades, mas o que se poupa com o fecho pode gastar-se nos transportes devido à concentração, por exemplo.
Mas enfim, apesar de dizer como Pancho Guedes, "eles não percebem nada de cidades" tenho de reconhecer que "eles" têm legitimidade democrática para decidir.
Pena a democracia não ter ainda meios para se defender destes ataques ao bem estar da comunidade, não dispor de meios para forçar um debate mais aberto e participado em diversidade.

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