quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Estatística e os chefes de Estado

Este blogue não é para discutir política, mas o seu escriba não resiste aos encantos da Estatística quando aplicada a temas políticos.
Já se viu a correlação entre o estreitamento das faixas da população com maiores rendimentos com o crescimento do respetivo rendimento per capita nessas faixas, enquanto as faixas de população com menos rendimentos aumenta a sua largura e diminui o rendimento per capita.
Falou-se já também na expressão matemática desse fenómeno através do coeficiente de Gini, ou de desigualdade social, em que Portugal vai perdendo os lugares que sucessivamente foi ganhando ao longo dos anos.
Poucos dias depois das eleições do chefe de Estado francês, vejo outra interpretação estatística interessantissima.
Uma empresa de sondagens e marketing, daquelas que correlacionam o código postal do comprador com a natureza, qualidade e custo dos artigos que compra e das lojas em que os compra, deu-se ao trabalho de correlacionar os bairros classificados pelo rendimento per capita dos seus habitantes, com os resultados eleitorais.
Os resultados que se obtivera são impressionantes pela regularidade e pouca dispersão (apertado intervalo de confiança) das curvas. Embora as variações das votações entre bairros sejam pequenas e a diferença entre os dois candidatos em cada bairro tambem seja pequena, verificou-se uma nitida correlação e uma veriação continua desde a votação mais significativa em Sarkozy nos bairros de maior rendimento, diminuindo progressivamente à medida que se consideram os bairros com o rendimento per capita a decrescer, até inverter a tendencia, com a votação mais significativa em Hollande nos bairros de menor rendimento per capita.
Ninguem manipulou os dados, é Estatística, amigo, diria este blogue.
E porque não é mais significativa a votação em Hollande, já que as faixas de população de menores recursos são mais largas?
Ora, isso aprendi eu na História de Portugal, nas guerras liberais, com a aliança das classes populares à aristocracia de D.Miguel.
E nos tempos que correm, com a campanha sistemática de desacreditação nos meios de comunicação social de tudo quanto seja serviços e servidores públicos, e com o endeusamento da "classe" de consumidor, aliás já entendida pelos imperadores romanos, quando falavam em panem et circensis.

É a Estatística...nem sempre em boas mãos.

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