quinta-feira, 14 de junho de 2012

Securitarium VII - o telefone que continua a escorrer sangue

Este blogue registou por diversas vezes a sua indignação perante o que lhe pareceu o afastamento da realidade do anterior senhor ministro da administração interna,  Rui Pereira:
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=securitarium

Apesar das declarações do atual senhor ministro, Miguel Macedo, e de muito faladas reformas, tende este blogue a considerar que o senhor ministro e os seus colaboradores diretos não abordam as questões da segurança contra a criminalidade e a segurança rodoviária com espírito científico.
Desanima ler as notícias de assaltos a moradias de estrangeiros no Algarve enquanto alguns cidadãos tentam montar uma industria de turismo do tipo residencia senior.
Desanima ler as notícias com crimes de morte entre familiares.
Desanima o alheamento do senhor ministro e dos seus colaboradores relativamente ao estudo das causas e das circunstancias ligadas a estes crimes.
Desanima ouvir o senhor ministro que espera de algumas ações que acordou com as suas forças de segurança, no sentido de uma maior visibilidade no Algarve,  um "esbater do sentimento de insegurança na população".
É que não me interessa, como população, que o meu sentimento se esbata. Interessa-me que a criminalidade baixe a níveis toleráveis, o que não é o caso.
Porque só seria o caso se houvesse coragem da parte dos senhores governantes de reconhecer que estão a contribuir para esta criminalidade com as suas politicas (não digo que o façam de propósito, nem que seriam possiveis politicas que eliminassem totalmente a criminalidade, mas que parece haver uma correlação entre as politicas do governo e a criminalidade, parece) .
E que negá-lo adia as soluções.
Perante a última série de crimes entre familiares e o assassínio de uma senhora, presidente de uma junta de freguesia, e o seu marido, por um empreiteiro que se sentiu prejudicado pela exigencia de procedimentos legais, o DN ouviu uma especialista de psicologia forense.
"Historicamente, a literatura da criminologia aponta que sempre que há um fenómeno de grande crise económica há uma tendencia  para um aumento do crime, contra o património e contra as pessoas."
Sabemos que o orçamento do ministério da administração interna foi reforçado para combater este fenómeno de aumento tendencial da criminalidade em periodo de crise (tal como foi reforçado o orçamento para fiscais de finanças; isto é, nestes ministérios acredita-se que o aumento de produção requer mais pessoal; nos outros só se pede aumento de produtividade, para se produzir o mesmo com menos pessoal).
Mas as boas práticas dizem que melhor do que os remédios é  a prevenção.
E para isso era preciso estudar as causas e circunstancias da criminalidade.
Como não parece ser esse o caminho, o telefone do senhor ministro, como ele próprio disse, e os telefones dos senhores ministros que vierem depois (porque o que não se faz hoje que deveria fazer-se, especialmente combatendo o abandono ecolar,  terá consequencias futuras), continuarão a escorrer sangue.

PS em 15 de junho de 2012 - possivelmente para contrariar a tendencia para o aumento da perceção de insegurança e intranquilidade, e na esperança deque não se verifique um efeito de contágio ou de imitação, o DN de hoje refere a estatistica da direção geral de politicas de justiça,com 145 homicidios em 2008 e 117 homicidios em 2011. Trata-se de valores intoleráveis, apesar da baixa, e não tranquiliza nada a afirmação do senhor ministro de que as forças de segurança estão agora melhor equipadas.

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