quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Falas de governantes – o senhor ministro das finanças Vitor Gaspar e a introspeção



Fascinante, como diria Mr Spock da nave Enterprise, perante um espetaculo de surrealismo, a declaração do senhor ministro das finanças, de que não comenta estados de alma e que é pequena a sua tendência para a introspeção.
Digo espetaculo surrealista porque só se ouvem elogios ao senhor ministro Vítor Gaspar, vindos da Alemanha schaubleriana,  que  "Portugal está no bom caminho e é  um brilhante exemplo de que a abordagem que tem vindo a ser seguida para estabilizar o Euro é a correta” (quem diria que um país com uma economia tão débil conseguia estabilizar toda a zona euro!!!). Ou vindos do senhor chefe da missão do FMI, Abebe Selassié, que Vítor Gaspar é impressionante.
E é, o simples facto de dizer que não tende para a introspeção confirma-o.
Este blogue tinha já tentado uma abordagem psicanalítica em
e esta fala vem esclarecer o diagnóstico.

O senhor ministro tem dificuldade em realizar o “insight” (introspeção) e o dizer isso só demonstra que é uma pessoa altamente inteligente, de um tipo de inteligência fluida, facto provavelmente confirmável através das técnicas de ressonância magnética no caso das zonas de maior atividade serem as do córtex posterior. Uma afirmação deste tipo, pretendendo ser um auto-diagnóstico que conclui pela dificuldade de fazer auto-diagnósticos pode, com elevada probabilidade, ser um sintoma de que o próprio reconhece, graças às suas capacidades de inteligência fluida, um problema, embora muito longe da anosognosia, que mereceria tratamento. Esse tratamento seria no sentido de uma maior abertura à perceção e sensibilidade dos estados, não de alma, mas das reais dificuldades por redução dos rendimentos de trabalho e dos esquemas sociais de apoio. Ainda com recurso às técnicas de ressonância magnética, um progresso nessa perceção e sensibilidade seria comprovável por um acréscimo de flexibilidade cognitiva e da atividade do hemisfério direito e do córtex médio frontal, e por um decréscimo da obsessão compulsiva pela redução do défice orçamental de acordo com as diretivas da troika.

Fascinante, como diria Mr Spock, a introspeção.
Embora seja uma pena quando um cidadão não consegue fazer uma introspeção, não consegue colocar a hipótese de que as suas medidas possam não ser as corretas (a propósito, já haverá autorização do Parlamento para taxar as transações financeiras a 0,3%?).

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