sábado, 1 de dezembro de 2012

O serviço publico na televisão, o câmara clara, as vespas e as abelhas


Quando se tem o poder de decisão,
mas não se tem sensibilidade e gosto pela arte,
quando não se tem sentido crítico para avaliar o mérito de quem trabalha em atividades artisticas,
quando se têm outras preocupações,
porque se acha que a arte não é uma emanação da própria natureza humana e uma forma de interpretar o mundo de que somos parte,
quando, inconscientemente ou não, se deixam polarizar em torno de ideias chave meramente ideológicas,
querendo que a realidade se sujeite a elas, e não o contrário,
quando se pensa que se detem a verdade a que os outros não são julgados capazes de chegar,
quando não se é capaz de imaginar o que sentem os que são afetados por quem tem o poder de decisão,
então,
é natural que se diga que não se sabe em que consiste o serviço público, seja na saúde, na educação, na segurança social, seja na cultura, e que é preciso discuti-lo, embora todos saibam que será imposta a vontade de quem tem o poder,
é natural que se suprima o câmara clara da RTP2
(sim, gasta-se muito dinheiro e há poucos espetadores)



por decisão superior, chega ao fim o programa cultural câmara clara da RTP2

Enquanto os nibelungos não suprimem a RTP2 e a sua transmissão do National Geographic (pois, nem toda a gente tem o serviço pago, pelo que é serviço público “passar” o National Geographic na RTP2), fico fascinado com a história das vespas e das abelhas.
As abelhas europeias, pacificas e entretidas a fazer mel, não têm defesa contra a invasão da sua colmeia por uma espécie predatória de vespas (por sinal, as vespas têm certas semelhanças com os homens; há espécies que se matam umas às outras, mas, tal como os homens da guerra, sempre com o elevado desígnio de obter proteínas para as suas larvas). Todas as abelhas são mortas para servirem de alimento às larvas das vespas.
Porém, as abelhas japonesas desenvolveram, ou os mecanismos da evolução por elas, um sistema defensivo. Um grupo de abelhas sentinelas deteta a vespa batedor que procura colmeias para depois avisar o exército de vespas com emissão de feronomas. Mas as sentinelas rapidamente e amavelmente conduzem o batedor até à colmeia, onde todas as abelhas formam um cacho à volta do batedor e, não tendo armas que sem o sacrifício de alguns insetos possam vencer as mandíbulas e o ferrão da vespa, libertam calor através da agitação das asas e dos abdomens, tirando partido da menor resistência das vespas à temperatura. E assim, as abelhas assam a vespa a 40º antes que ela emita feronomas.

Interessante, esta metáfora, em como nem sempre os que detém a força e o poder conseguem destruir quem produz.
Longe de mim sugerir que os detentores do poder politico, ou do poder financeiro, ou os académicos economistas que dizem às populações onde elas devem cortar os seus serviços essenciais, devam ser assados pelas mesmas populações.
Mas achei interessante a metáfora, em como a democracia, depois de ter resolvido a dificuldade de existir escravidão e existir realeza e aristocracia em desigualdade de nascimento,ainda não resolveu o problema da defesa contra predadores.

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