quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Notícias de metropolitanos

Notícias várias sobre metropolitanos

1 - De Pequim, vem a notícia da inauguração de mais uma linha, tornando a rede de metro de Pequim a maior do mundo, com 442 km e 261 estações. 8 milhões de passageiros por dia. Não sendo comparáveis as cidades de Lisboa e de Pequim, embora incluídas em domínio em que são válidos os critérios económicos, é interessante destacar três pontos:
       1.1 – apesar da crescente taxa de motorização na China, por razões de economia de energia, uma vez que o transporte ferroviário tem maior eficiência energética, o governo chinês dá prioridade aos investimentos em infraestruturas ferroviárias
       1.2 – também por razões económicas, o recurso ao transporte ferroviário em viadutos de componentes pré-fabricados é recorrente
       1.3 – tendo sido criticado no passado por falta de preocupações de segurança, o metro de Pequim atualmente só constrói estações com portas de isolamento de cais

Poderá talvez observar-se, como aplicação da lei de Fermat-Weber, que uma economia crescente que recorre a investimentos em meios eficientes se torna cada vez mais crescente, enquanto uma economia em regressão que insiste em utilizar recursos ineficientes (por exemplo, o transporte individual) e evitar investimentos corretivos (por exemplo, infraestruturas ferroviárias) se torna cada vez mais regressiva

2 -  De S.Paulo chega a notícia de que já foram instalados 15 bicicletários, isto é, parques de estacionamento cobertos junto das estações, com possibilidade de deixar as bicicletas presas com cadeado e, no caso de bicicletas híbridas elétricas, de deixar as baterias a recarregar.

Poderá talvez observar-se que o modo de transporte bicicleta e os parques de estacionamento para transferência de modo de transporte são investimentos complementares duma rede ferroviária  metropolitana cujo financiamento poderá legitimamente ser as multas de estacionamento automóvel e as portagens à entrada das cidades

3 – De Nova Iorque vem a noticia de, no espaço de 1 mês, dois casos de morte de passageiros por terem sido empurrados à aproximação de comboios.  A cobertura mediática foi importante. Independentemente de análises psicológicas e sociológicas, para estudo das correlações entre as condições educacionais, sociais e de saúde (mental, nomeadamente) dos atores e dos seus atos, importa destacar o exemplo do metro de Pequim com o recurso sistemático às portas de cais. Igualmente nos metros asiáticos é prática normal. Mesmo sem recurso às portas de cais, é útil instalar dispositivos de deteção e alarme de queda de corpos à via e guarda corpos à frente das rodas dianteiras.

4 – Do metro do Porto chegou a noticia de que dois vigilantes da firma de segurança ao serviço do metro do Porto conseguiram evitar o suicídio de uma mãe com os seus dois filhos que já ultrapassara o gradeamento de proteção do tabuleiro superior da ponte D.Luis.
Deve felicitar-se o metro do Porto por ter entendido que se trata de uma zona frágil do ponto de vista de segurança pedonal e rodoviária (já houve casos de entrada de automóveis no canal metro) e que portanto não pode cortar-se nos recursos humanos de vigilância.

Apesar da boa sinalização com postaletes a segurança dos peões não é grande.

A altura das guardas é insuficiente e não existe rede guarda-corpos

É importante a iluminação dos postaletes
No entanto, é de criticar a altura da guarda insuficiente para dificultar tentativas de suicídio. Aparentemente terá 90 cm de altura, quando o mínimo deveria ser 1,20 m e preferencialmente uma rede de 2 m com plano inclinado para dentro a essa altura. Criticável ainda a possibilidade de queda de objetos diretamente do tabuleiro sobre barcos. Algumas travessias da Refer dispõem ainda uma rede inferior de recolha. Estes dispositivos não impedem o suicídio mas retardam-no, na expetativa de facilitarem uma intervenção.
Sobre este caso, transcrevo do DN as declarações de Carlos Poiares, psicólogo forense:
“… estes casos ocorrem devido a situações de exclusão, de falta de esperança no futuro que o discurso governamental nada ajuda… os políticos têm grande responsabilidade nisso e a prevenção deve passar por eles”.
De referir ainda que a ponte rodoviária do Infante, a montante da ponte D.Luis, tem já um registo maldito de suicídios, sem que se tome a medida essencial de aumentar a altura da guarda.

Ponte do Infante, a montante da ponte D.Luis. Rodoviária e pedonal, tambem com altura insuficiente das guardas e sem rede guarda-corpos
De facto, num contexto de progressiva retirada de proteção social, é natural que as pessoas se vão abaixo. Não pode ser o discurso miserabilista que os governantes agora adotam, num registo quase neo-realista de trazer por casa, nem o discurso da caridade. Tem mesmo de ser o investimento em segurança social e educação o que , salvo melhor opinão, exige politicas de emprego e não de desemprego, e necessariamente medidas protecionistas da economia nacional (se os senhores de Bruxelas não gostarem, são livres de aumentar o investimento no país).
      

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