sábado, 2 de fevereiro de 2013

Karita Matila, as 4 ultimas canções de Richard Strauss



Richard Strauss escreveu as suas 4 ultimas canções aos 84 anos, um ano antes da sua morte.
É assim um exemplo da capacidade dos seniores no domínio do que sabem fazer, passe a redundância.
Como diz o provérbio africano, de cada vez que morre um velho é uma biblioteca que arde.
Mas neste país que não é para velhos, os pequenos nibelungos que detêm o poder fizeram umas contas, que aliás parece que baseadas em premissas incompletas, e chegaram à conclusão que os velhos são um peso morto para a economia.
A Fundação Gulbenkian ainda acha que não, e concede um desconto de 50% aos seniores nos seus concertos.
Deveria também convidar os economistas governantes para os concertos.
Poderia acontecer que repetissem a história do economista que enviou uma critica ao maestro, alertando-o para que a produtividade da orquestra, e consequentemente a sua competitividade, estava seriamente comprometida porque havia alguns instrumentistas, especialmente aqueles dos que entram e saem (trombones) que só tocavam quando o maestro olhava para eles.
Que isso era uma prova de desigualdade de comportamento e que por isso o salário unitário desses instrumentistas era muito superior por exemplo, ao dos primeiros violinos que estavam a maior parte do tempo a tocar.
Esta história não será muito diferente do que acontece com as análises e soluções encontradas pelos economistas do governo e da troika para a RTP, para as empresas de transportes, para as águas…
Mas concentremo-nos no concerto na Gulbenkian com a Karita Mattila e as 4 ultimas canções.
Do Youtube, a terceira canção, “Ao deitar”, musica de Richard Strauss e poema de Herman Hesse (tradução de Bernardo Mariano)



 
Agora que do dia sobrevem a fadiga
seja o meu anseio mais profundo
acolher com agrado a noite estrelada
como uma criança cansada.

Mãos, larguem todos os afazeres,
cérebro, esquece quanto seja pensamento;
todos os meus sentidos querem
agora mergulhar no sono.      

E a alma, sem vigilantes,
quer pairar, voar livre,
e no circulo mágico da noite
achar uma vida profunda e multipla



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