sábado, 30 de março de 2013

Diálogo breve num posto de combustível

- Que maçada, aumentou outra vez, a gasolina
- E vai continuar a aumentar.
- A cotação do petróleo até está baixa, mas as distribuidoras estão sempre a fazer dinheiro à nossa custa.
- É interessante. Por um lado é verdade, até a troika tem razão, os combustíveis como fator de produção, como fator que entra para a composição do preço de qualquer produto, estão demasiado caros. Mas também é verdade que a energia é um bem escasso e não renovável, no caso dos combustíveis fósseis, e portanto só pode ser caro.
- Mas o petróleo está barato.
- Artificialmente barato, por motivos políticos e no interesse dos grandes grupos económicos e financeiros. Imaginemos que se voltava aos tempos do padrão ouro e se substituia o ouro pela energia. O preço das coisas seria referido ao preço da energia e expresso em unidades de energia. Acontece que há 50 anos se gastava pouca energia para extrair o petróleo. Por cada unidade gasta obtinham-se 50 unidades de nova energia. Agora, com o petróleo cada vez mais escondido e de dificil acesso, uma unidade obtem apenas cinco.
- Mas o petróleo pouco mais caro está agora do que há 50 anos.
- É verdade, porque o aumento dos custos da extração são diluidos por toda a economia, ou melhor, são repercutidos em toda a economia. Tudo está orientado para sustentar o baixo preço do petróleo. É natural que a economia esteja distorcida. E com a globalização, a distorção propaga-se como um virus de que a humanidade não se vê livre.
- E assim vamos de crise em crise, em sucessivas alternancias de bem estar e mal estar.
- É pena. A ciencia económica já tinha tido tempo para sistematizar uma organização melhor das comunidades, estruturalmente imune às vagas recessivas. Mas para isso precisava de conseguir a autonomia relativamente aos combustiveis fósseis e, sobrepondo o interesse público ao da concorrencia dos grandes grupos e às forças de mercado, desenvolver as energias renováveis.
- Aí está uma boa utopia.
- Tu o dizes.

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