sexta-feira, 21 de junho de 2013

Enquanto, no solstício de verão...

Enquanto, no solstício de verão, a terra se afasta mais do sol, no afélio, e a altura do sol ao meio dia atinge o seu máximo, ou dito de outro modo, a declinação máxima atinge 23º27', acontecimentos extraordinários chegam ao nosso conhecimento.

1 - pobre Barroso - escrevo pobre porque o senhor considera-se um grande político. Chamou reacionária à politica de defesa do audiovisual europeu que recusou a "globalização" e subordinação cultural aos USA. É natural que não se importe com o predomínio da cultura anglo saxónica, sendo que neste caso cultura é mais a sua vertente de subcultura, ou subproduto contrastante com a elevada cultura que tambem existe nos USA, mas que não nos chega nos filmes de maior sucesso, nem nos DVD, nem nos seus musicos, nem nos iPADs. Muito contente o senhor que montou o ecran iMax digital, como se fosse precisamente disso que os portugueses precisavam para equilibrar o defice (as pessoas ficam felizes ao ver os filmes nos iMax, diz o candido senhor). O iMax é ideal para nos mostrar aqueles filmes de zombies, de vampiros ou de piratas efabulados, e que são ótimos para atrasar o procesode mielinização dos adolescentes. Talvez Durão Barroso ache que são muito bons (será a recordação do "panem et circensis"). Como são incultos e desprovidos de sensibilidade para os assuntos de cultura os senhores dirigentes da Comissão Europeia... ou talvez acharão, como nos seus gloriosos tempos de MRPP, que a cultura europeia está muito "aburguesada" e como tal, à boa maneira da revolução cultural, deve ser amputada. Durão Barroso foi um distinto militante do MRPP quando jovem. Quando se é jovem, o cérebro humano encontra-se na plenitude das suas capacidades, em termos de processamento, de memorização, de formação de padrões cognitivos. Foi justamente nesta época que, de acordo com testemunhos de colegas, ele defendia as suas ideias através da violencia sobre os que chamava de social fascistas e revisionistas. Um seu colega até bastante tarde confessava que  a sua primeira reação ao ouvir falar de Durão Barros era de medo, recordando essa violencia. Outro colega , que usufruia da amizade do senhor nos tempos do MRPP, conta ainda hoje, bem humorado, como lhe ficou reconhecido quando o próprio Barroso o avisou para retirar o carro de determinado local onde eles iriam fazer uma expedição punitiva contra os carros dos social fascistas.
É natural que pessoalmente não tenha consideração de nenhuma espécie por senhores deste tipo. A sua participação na cimeira dos Açores preparatória da guerra do Iraque confirma essa impressão.

2 - o povão - interessante seguir as manifestações de brasileiros contra o aumento de 10% dos transportes. É mais um exemplo de como nós, portugueses, somos diferentes: os nossos transportes aumentam e os utilizadores voltam-se contra os trabalhadores de transportes que protestam, não contra o governo. Mas talvez devido à experiencia dos portugueses com os desperdicios com a construção de estádios, autoestradas com beneficio para os concessionários das PPP e aos indicios de corrupção, os brasileiros protestam tambem contra corrupção e os gastos com os estádios. Como dizia um  manifestante, "o futebol não educa". Ou como escreveu Neymar, jogador de futebol: "Sempre pensei que não devia ser preciso sair à rua para exigir melhores condições detransportes, saúde, educação e segurança...quero um Brasil mais justo, mais seguro, com melhor saúde e mais honesto". Ou como dizia um manifestante ao reporter da RTP:
"é a revolução"  (não será, não, que a revolução requer um plano, mas será o povão a explicar o que quer, e o que quer não será a minimização do Estado que os senhores engravatados saidos das faculdades de economia apregoam). Mas nós portugueses somos diferentes. O governo manobrará para que os jovens e os desempregados culpem os reformados, quer recebam reformas de fome, quer razoáveis. E não sei se nas eleições ficará claro que deve ser a economia a modificar-se para que a comunidade tenha um minimo de bem estar e desemprego a diminuir, e não o estado de bem estar a modificar-se para que a economia cumpra os requisitos das faculdades de economia e dos bancos centrais.

3 - quando o mercado não funciona - de um discurso do ministro da saúde: "uma das soluções orais que era fornecida aos hospitais a 20 euros por embalgem, é agora fornecida pelo laboratório militar a 3 euros". Eu espero que os publicanos não venham reclamar que o Estado está a fazer concorrencia à iniciativa privada. Aliás foi a própria industria privada que desistiu de fabricar os medicamentos que o laboratório militar fabrica. Só que muitas vezes grupos económicos ou financeiros não desistem e continuam a lucrar indevidamente com o cliente público, quer se trate de juros de empréstimos, de PPP , de resgate de bancos, de privatizzações/concessões  ou de rendas de energia. É uma pena não se fazer como o laboratório militar. Já o professor Daniel Barbosa dizia que se o mercado funcionar mal com preços elevados, o que há a fazer é lançar o produto na quantidade justa para os preços baixarem. A lei da concorrencia não pode ser invocada quando por assimetria de informação, por escassez ou por abuso de posição as empresas estão a prejudicar os contribuintes.

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