terça-feira, 2 de julho de 2013

Pobre Pedro

Pobre Pedro, como insistes em que tens a missão histórica de salvar o país...
Terás interpretado mal as palavras de Kipling no "Se".
Interpretarás mal a realidade.
Só tu és a solução.
Primeiro foi o teu patrono Relvas, depois o teu financeiro Gaspar.
Reparaste bem como ele na carta reconhece, que ao fim de 2 anos, os indicadores não se compuseram? exceto a credibilidade, claro, mas a credibilidade não mata a fome, e não venhas com a conversa dos juros subirem com as demissões porque a subir já vinham eles há umas semanas; e que a culpa é sempre dos outros, da prolação do TC (esta mania de usar palavras caras, prolação sinónimo de declaração).
Sabes, tu não tens experiencia profissional numa empresa de produção, não conheceste os problemas que se levantam a quem produz bens úteis à comunidade nas frentes de trabalho.
Não me refiro a empresas de formação à pesca de financiamentos para dar cursos que deviam integrar o serviço nacional de educação, nem a gabinetes de financeiros subservientes da escola de Chicago que acreditam mais nas teorias académicas do que nas realidades das empresas que produzem.
Tampouco têm experiencia real o teu ex-ministro Gaspar nem a nova ministra das finanças nas frentes de trabalho.
Sabem lá se se deve ou não investir em empreendimentos como o TGV, o tunel do Marão, o fecho da Golada, a aquacultura, as centrais solares térmicas de sais fundidos, a transferencia das deslocações nas áreas metropolitanas do transporte individual para o transporte coletivo..
Sabem lá, mas sabem cortar nos rendimentos do trabalho (orelhas moucas para a taxação das transações financeiras, para taxação dos movimentos do multibanco sem custos para o cliente...)
Tudo seria mais simples se agora fosses tu a demitir-te, agora que o teu parceiro Portas bateu com a porta. Mas estás agarrado à cadeira do poder, como bom manifestante de sintomas de hipomania. Mais fácil teria sido em devido tempo o teu partido ter proposto outro militante para te substituir, nem era preciso ir para eleições nem mudar todos os ministros, mas nem tu nem o senhor presidente Cavaco perceberam nem souberam vencer as suas próprias limitações.
Só que a cadeira do poder, tal como o monumento ao cimo da Alameda D.Afonso Henriques mostra bem, é um plano tão inclinado...
Enfim, como este blogue vinha dizendo, bastava terem saído do governo Relvas, Gaspar e Passos... mantendo o resto do governo (apesar de eu não gostar nada de senhores ministros como o da Defesa) e fazendo a vontade ao senhor ex-ministro Gaspar: passar imediatamente ao investimento (é a solução urgente, organizar os projetos para candidatura ao QREN/Horizonte 2020).
Mas vêem-se os técnicos a elaborar esses projetos?
Pobre Pedro, como és inepto.
Mas se calhar ainda vais culpar os professores e o TC, que não te compreendem.


PS em 3 de julho de 2013 - É chocante a forma como o governo atual de degrade e decompõe. Não culpemos a democracia, mas a incapacidade de utilizar os  meios que a democracia disponibiliza. Pensemos ainda que a própria democracia se pode aperfeiçoar, nomeadamente através de mecanismos de ligação em rede com as freguesias e organismos locais, cuja sondagem deveria ser institucionalizada, assim como facilitados os referendos (curiosamente, Dilma Roussef já propõe perguntas a submeter a plebescito). 
É tambem chocante ver que durante 2 anos o atual governo não foi capaz de inverter a degradação do défice, da divida externa, da divida pública e do desemprego. O governo comportou-se como serventuário dos grupos financeiros internacionais, dos bancos e dos orgãos centrais europeus ideologicamente radicais na sua furia de minimizar o setor público.
A ação do governo foi suportada por uma maioria parlamentar que representava apenas 29,67% dos eleitores inscritos nas eleições de 2011, que tiveram uma abstenção de 41,1% dos eleitores inscritos.
A gravidade das opções tomadas justificava um esforço de inclusão e de consideração de todas as outras forças e sensibilidades politicas.
Representando apenas menos de 30% dos eleitores inscritos, a conduta do governo tornou-se assim isolada da maioria dos eleitores, prepotente e errada e arrogantemente convicta de que tinha recebido um mandato inquestionável. Falhou a inclusão durante estes 2 anos e falha agora, da parte dos comentadores e dos orgãos de comunicação pública, o debate de outras soluções que não sejam eleições, que trazem o elevado risco de manter a repartição de votos pelos diferentes partidos, como se verificou nas ultimas eleições na Grécia.
Como qualquer livro de gestão de empresas explica, quando uma empresa está em elevado risco de falencia, uma nova equipa de gestão deverá mexer o minimo possivel na estrutura e nos cargos dirigentes dessa empresa. Por melhores que sejam as boas intenções, uma mudança em período crítico pode ser contra-producente ("structure follows strategy", como ensinou Chandlers, ou " em tempo de guerra não se limpam armas", como ensina a sabedoria popular; os problemas têm de ser atacados diretamente por quem está dentro dos negócios e não por teóricos de reestruturações que funcionam bem apenas nos cérebros dos seus concetores). A experiencia da mudança do anterior governo para o atual demonstra-o, com a paralisação da economia a provocar o aumento do desemprego e a diminuição do PIB.
Da mesma forma, o governo atual foi incapaz de organizar e dinamizar os projetos candidatos aos fundos QREN/Horizonte 2020, que poderiam ter contribuido para um aumento do PIB através do investimento com apoio desses fundos.
É assim chocante ver os comentadores e os dirigentes politicos a apelarem  para eleições, quando o problema essencial está na preparação dos investimentos, na substituição das importações, no aumento das exportações, na identificação e contenção da divida externa privada e publica, na contenção das taxas de juro dos empréstimos, que deverão ser inferiores às taxas de crescimento do PIB, sem o que a divida não baixará.
Salvo melhor opinião, seguindo o exemplo de democracias como a holandesa e a belga, que estiveram mais de um ano sem governo normal, ou da republica checa, que substituiu o primeiro ministro por outro proposto pelo partido mais votado, o programa de governo acima, de implementação de medidas de crescimento, poderia ser cumprido sem eleições imediatas pela maioria do atual governo (expurgado obviamente do inepto primeiro ministro e da senhora emuladora de Vitor Gaspar), com inclusão de alguns representantes dos outros partidos (beneficiando da agilização resultante da desagregação dos ministérios da economia e da agricultura e ambiente). No entanto, se a incapacidade bem portuguesa de organização e de abertura a quem não pensa da mesma maneira se mantiver, não haverá remédio senão tentar as eleições legislativas em simultaneo com as autárquicas, correndo assim os riscos já mencionados, nomeadamente o de outros politicos enganarem os eleitores da forma como o primeiro ministro atual  os enganou nas eleições de2011.




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