segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Nixon in China, ópera de John Adams


Graças ao canal Mezzo, Nixon in China, como foi apresentado em abril de 2012 no teatro do Chatelet em Paris.


Como este blogue tem dito, a ópera pode ser subversiva.
A intenção de John Adams, o compositor, terá sido a de, aproveitando a visita de Nixon à China em 1972, chamar a atenção para a fragilidade da humanidade ao estar dependente da formação de mitos.
Os mitos arrastam multidões.
O libreto é de Alice Goodman.
"É a charrua que empurramos"
"Os olhos descem sobre o amarelo do trigo da planície enquanto os cumes vermelhos emergem no horizonte"
"Que o destacamento vermelho feminino avance".
"Os teus erros  subjetivos contêm o encanto do mito eterno".
Ao ver a representação encenada na própria ópera da humilhação dos burgueses na revolução cultural, na presença do casal Nixon, lembrei-me da juventude maoista do atual presidente da comissão europeia, e de que provavelmente os  neurónios que davam prazer aos executantes das diretivas do presidente Mao e do seu livrinho vermelho ao castigar publicamente os licenciados, os doutores, os engenheiros, os professores, acusados de burgueses acomodados, são os mesmos neurónios dos cérebros dos apoiantes do atual governo ao punir os professores, os funcionários públicos, os reformados, ao reduzir os salários e ao desvalorizar o fator trabalho.
E que a justificação que o presidente Mao dava para os sacrifícios que impôs ao povo chinês é a mesma
que ouvimos nos congressos do partido no poder, que primeiro a população , ou parte dela, tem de sofrer.
Mitos.


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