sábado, 3 de maio de 2014

O pato gordo

Graças à SIC Noticias e a um seu programa sobre a politica nacional, veo um comentador sair-se com esta imagem. Portugal terminará o programa de ajuda externa saindo como um pato gordo e desajeitado para o meios das aves de rapina.
Um outro comentador explica que "década perdida" era inevitável (isto é, a pequena economia portuguesa não podia resistir às adversidades, à emergencia da industria chinesa, à revalorização do euro, à entrada dos países do leste europeu na UE, à desindustrialização, às perdas na agricultura e nas pescas, à especulação financeira).
É bom que o diga, para que a propaganda do governo não engane tantos.
Mas a imagem do pato gordo é engraçada.
O pato gordo já tem 15 mil milhões de euros no banco, para além dos 7 mil milhões ou coisa que o valha que os bancos, apesar de descapitalizados, não quiseram. Como é desajeitado, arranjou esse dinheiro vendendo obrigações, isto é, pediu emprestado, aumentou a dívida. E está a pensar vender mais 13 mil milhões de obrigações em 2014, se não demitirem o governo. É obra e é a dívida a crescer (depois dizem que foram as empresas públicas).
Não fez como os patos mais habilidosos, que investem em negócios próprios para obter retorno (um dos comentadores explicou que após a reunificação alemã o Estado apoiou diretamente várias empresas; atualmente volta a falar-se em tratamentos excecionais na UE; em Portugal, sacrificam-se os estaleiros de Viana ao altar do ultraliberalismo; são opções).
Isto de a nação organizada, isto é, o Estado, ter de vender os negócios que lhe dão rendimento, isto é, de privatizar, pode dar nisto, o investimento líquido continuar a ser negativo e a contribuir para o saldo orçamental continuar negativo.
Não consegue resolver-se a equação cortando sucessivamente na despesa, tem de haver investimento.
Qualquer aluno de economia do primeiro ano sabe isso.

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