segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Colisão de comboios na estação de Mannheim

Em 1 de agosto, um comboio de mercadorias, em movimento convergente numa agulha, colidiu com a lateral de um Eurocity Graz-Sarrebrucken. A locomotiva do mercadorias e dois vagões descarrilaram assim como 5 carruagens do intercidades, 3 das quais tombaram ferindo 35 passageiros.
Numa altura em que os burocratas da união europeia impuseram regras contra o parecer de muitos técnicos, para liberalização do acesso às infraestruturas ferroviárias, e em que a ideologia dominante é a de poupanças sistemáticas em investimentos e em manutenção, e a grande preocupação dos gestores é a de reduzir custos com pessoal e utilizar ao máximo as infraestruturas, entrando claramente no domínio da sobre-exploração, deixo as seguintes observações:
- o esquema de vias da estação de Mannheim é realmente complexo, tendo o acidente ocorrido numa agulha, em movimentos convergentes
-  o comboio de mercadorias era operado pela Rail Cargo Group (ferroviária pública de mercadorias austro-hungara), embora o serviço, entre Duisburg na Alemanha e Sotrun na Hungria, tenha sido contratado pela ERS Railways holandesa e subcontratado por esta à Rail Cargo Group/Balo, puxado por uma locomotiva dos caminhos de ferro austríacos e com vagões da Balo, turca
- a gestora das infraestruturas, a Deutsch Bahn, ainda não esclareceu as causas do acidente
- dois dos vagões contêm quimicos perigosos
O meu comentário é o de que, em contexto de sobre-exploração, com comboios de diferentes operadores e diferentes carateristicas de exploração, a probabilidade de que uma falha técnica ou humana conduza a um acidente cresce. Por isso deve aceitar-se a necessidade de investimentos para assegurar caminhos diferentes para o tráfego de passageiros e o de mercadorias, para que a exploração de ambos não interfira, alem de simplificar as zonas de agulhas, tornando-as imunes a consequencias danosas. 
A engenharia tem meios para a compatibilização de vários operadores e para a mistura de tráfegos diferentes na mesma linha, mas o risco aumenta. E esse risco não me parece tolerável. 
Este é um problema que se põe em Portugal, mas também na Europa, com as suas linhas ferreas saturadas, numa altura em que se pretende reduzir a poluição das autoestradas. E sabe-se como investimentos em infraestruturas têm efeitos positivos no emprego e no combate à deflação.
Mas não sei se os senhores decisores especialistas da alta finança querem compreender isto.

 A mim custa-me a aceitar que a exploração de comboios obedeça à mesma diversidade das regras de transações financeiras.

PS em 6 de agosto de 2014 - correção: o destino do mercadorias era a cidade turca de Tekiderg

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