segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Fala de Fricka para Wotan



Daniel Barenboim dirigiu a Valquiria no Scala (não é o video que anexo) .
O contexto é muito diferente, mas as palavras de Fricka para o marido Wotan fazem-me lembrar a senhora ministra das finanças e o seu ex-aluno e admirador primeiro ministro:
"...tu rejeitas tudo que estimavas, quebras as ligações que tu mesmo estabeleceste...contanto que estes criminosos possam reinar...apenas pela tua proteção eles parecem fortes...por novas artimanhas tu queres enganar-me..."
O contexto é muito diferente, mas as palavras de Fricka fizeram-me lembrar as afirmações dos senhores governantes em março ("a divida é sustentável... o tema nem se coloca", "quem defende a renegociação da dívida não sabe o que está a defender") e em setembro de 2014 sobre a discussão da renegociação da divida, considerando que os juros "do mercado" estão mais baixos do que os do empréstimo do FMI, ou simplesmente a discussão da dívida.
Contrariamente ao otimismo de João Cravinho, não tenho esperança nessa discussão.
Os senhores governantes não têm a noção dos investimentos e das mudanças de mentalidade necessários para a melhoria da economia, e estão convencidos de que têm sempre razão.
Falta-lhes humildade para apreenderem noções elementares de física ou simplesmente de abordagem de problemas seguindo as etapas de observação, tratamento de dados, experimentação e ensaio e análise e novo tratamento de dados, tudo sujeito a referendo por especialistas de diversas sensibilidades.
E como têm o poder por omissão do senhor presidente da República (que não aplica o método científico, não testa a credibilidade de uma testemunha, acredita no que o senhor governador do BP lhe diz, o qual por sua vez, em julho, faz afirmações apenas baseado num relatório do 1ºtrimestre elaborado pela própria empresa prevaricadora), continuaremos nesta apagada e vil tristeza,com o senhor ministro da Economia a dizer que está tudo melhor (como assim, com as importações a continuarem a crescer mais do que as exportações?) e as instituições de prestígio deste meio pequenino a organizar seminários de bem parecer, sempre longe das medidas concretas de investimento em bens produtivos e garantes da autonomia em energia e alimentos.
Entreranto, com o mercado a funcionar, os jovens preferem matricular-se em cursos de sociologia, humanidades, multimédia, comunicação social... ficam para trás as engenharias, quando era necessário reconstruir as habituações degradadas, as industrias produtivas, a silvicultura, a agricultura ... é um suicidio coletivo anunciado, como os lemingues..., mas os senhores governantes não têm sensibilidade nem conhecimentos para compreender esta desgraça.
A avaliar pela "fuga" de novos universitários dos cursos de seguimento industrial, e dos que exigem matemática e física, a desgraça prolongar-se-á por gerações.







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