quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Não, não, não

O título podia ser a evocação de uma cançoneta dos anos 60, ou um apelo a que os escoceses não destapem a boceta da Pandora da desagregação quando os tempos deviam ser de agregação (com mudança da politica central, claro e investimento dos superavits da Europa central nas economias periféricas, que obviamente pagariam o retorno aos investidores, como religiosamente vão pagando os juros que a advogada do mercador de Veneza certamente classificaria como de agiotas).
Esperemos que os escoceses digam não.
Mas a minha ideia era deixar expresso aqui o meu desejo que o senhor presidente da Republica não diga nada, não, não diga.
Mais vale não dizer nada, não diga se prefere mais Buchanan ou Musgrave, mas tambem não diga nada sobre as decisões do senhor governador do Banco de Portugal e do apoio enlevado do primeiro ministro e da senhora professora e ministra de finanças. Como sabe melhor do que eu, que não sou professor, vendas apressadas têm cachorrinhos tortos. Coisa que o seu conselheiro ético, Vitor Bento, sabe ainda melhor.
Esperemos que o buraco em que se meteram (não tinha de se submeter ao poder judicial a decisão de definir o que é bom e o que é mau nos ativos a repartir? e porque não se fez, se não foi para privilegiar grupos, como dizem os manuais, que o banco mau fica proprietário de tudo? e porque não se atenta na espiral regressiva das participações acionistas portuguesas em empresas privatizadas desde a Cimpor à PT, e na espiral progressiva com que de aumento de capital em aumento de capital alguns grupos vão abocanhando o negócio dos concorrentes, desde a compra do BPN pelo BIC à preparada compra agora do BES pela concorrencia, entrando devagarinho no fundo de resolução e aumentando a participação até ao destino final?), como disse Mário Soares, não seja tão grande como estou a pensar.
Por isso, mais vale nada dizer.
Será a sua melhor crítica a este governador e a estes ministros ineptos, embora incensados pela comunicação social, com honrosas e éticas exceções.
Não, não diga nada, o silencio será eloquente e percebemos o que quer dizer.

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