quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A questão do Ebola é ainda mais global numa pequena análise apressada e pretensamente marxista

Há uns anos uma rapariga alemã morreu pouco depois de desembarcar em Hamburgo. Mas nessa altura os decisores politicos, os opinion makers, os universitários segguidores de Friedman e Haiek, acharam que a coisa estava circunscrita, e de facto a epidemia passou não muito tempo depois.
Agora, quando cidadãos de paises ocidentais em numero que os dedos da mão já não chegam para refletir, sofrem a doença, o governo americano e os governos ocidentais dizem que estão atentos e em ação.
Mas há uma questão. A dívida e o défice publicos acima dos valores constitucionais ou acordados em tratados.
A familia de um dos cidadãos americanos internado em risco de vida diz que não tem dinheiro para pagar a conta do hospital, que, aliás, lhe prestou uma péssima assistencia inicial.
Que diz  biblia dos citados decisores e universitários?
Que deixem o mercado funcionar.
E de acto funcionou, no caso da gripe das aves. Rapidamente os laboratorios se entenderam, colaborando ao arrepio do lema tolo de que o segredo é a alma do negócio (já foi, em dado passo do processo histórico) até porque se não trocassem impressões o progresso seria mais lento e poderiam ficar fora das royalties finais.
Porem o mercado funcionava porque a gripe ameaçava grande parte das populações dos paises ricos.
Agora o Ébola, circunscrito a paises de baixo PIB per capita? que não pode pagar a investigação?
E a questão é que se o governo dos USA respeitar a biblia do neo-liberalismo não vai poder votar verbas para a investigação.
É o drama destes intelectuais neo-liberais. Se o cidadão não tem dinheiro para pagar o tratamento, que se chame a sua confissão religiosa para o enterro. Mas até no enterro o Ébola sepropaga. Que problema, é uma externalidade que pode matar a filha do rico, como Gabriel Garcia Marquez descreveu a cena da morte da pequena marquesa mordida na Cartagena do século XVII por um cão raivoso.
Não pode ser o lucro da empresa farmaceutica, não podem ser as leis do  mercado a ditar a reação à epidemia.
Como já dizia o descobridor da vacina da poliomielite, que recusou as royalties.
E que dificuldade em os citados decisores, opinion makers e universita´rios compreenderem que não é só na saúde que não se pode deixar o mercado a fazer o que quer.
São as depeas sociaiis que deveriam definir o valor da moeda, por mais que o senhor doutor Medina carreira diga que não.
Cortes nas despesas sociais induzem debilidade perante epidemias, quer sejam do Ébola, quer sejam da ignorancia do funcionamento das coisas.


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