sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Campanha para as presidenciais - e se...teríamos segunda volta, e então...

No post anterior
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2016/01/os-candidatos-presidencia-da-republica.html
escrevi que não gosto muito de falar de política.
Mas há circunstancias em que é interessante analisar formas de pensamento, de relações de forças de interesses, de conflitos entre grupos e da organização desses grupos e seus representantes.
Comento então alguns factos desta campanha, começando por confessar que fiquei mal impressionado com o contágio, para a discussão entre candidatos, da agressividade verbal de algumas figuras do futebol.
Assiste-se por vezes nos debates futebolisticos na televisão, aparentemente ocupando tempo demais (interessará aos operadores manter a trilogia dos 3 F, Fado, Fátima e Futebol...) a insultos do estilo: "você não tem capacidade para entender", sem que os moderadores intervenham.
Eis que num debate entre dois candidatos dos mais bem posicionados nas sondagens, há um que diz para o outro que é um soldado raso, que teve uma vida vazia (deuses, se o senhor candidato julga aquela vida vazia, que diria da minha, obscuro funcionário de uma empresa de transportes tão vilipendiada nos comentários da internet) e o cargo de presidente da República não  é para soldados rasos.
Imagino que o senhor candidato a esta hora já se dedicou a tapar com verniz tapa-poros as fendas do seu verniz estalado e até pode acontecer, como general que crê ser, que venha a ser presidente.
Não é que, desta vez, contrariamente à eleição anterior, me preocupe com a presidencia entregue a qualquer um dos candidatos, como já referi.
Mas o episódio de agressividade verbal sugere-me que uma das grandes vantagens de termos muitos candidatos é que nem todos pertencem às elites bem pensantes e influenciadoras dos centros de decisão. Elites essas que nos trouxeram à situação em que nos encontramos. Por força última e mais intensa do contexto internacional, mas que não souberam, as elites, minimizar essas influencias nefastas.
Por isso aplaudo a denuncia anti-corrupção de Paulo Morais e a insistencia de Henrique Neto nos investimentos produtivos, ambos advogando a colocação dos partidos num registo menos prepotente, de uma forma que assusta as elites e os seus representantes na comunicação social (que têm o desplante de considerar nos seus comentários os "outros" candidatos como fracos).
E ao mesmo tempo critico a dupla Marisa-Edgar que se esgatanha mutuamente, em vez de, já que não existe voto preferencial (o que há por fazer na reforma do sistema eleitoral...)  se fecharem numa sala com os candidatos não elitistas e não partidaristas e só sairem depois de escolherem um candidato para o qual desistiriam (como o candidato do PCP fez para apoiar Humberto Delgado, em 1958) e outro, não existindo vice-presidencia, que seria nomeado pelo primeiro para o conselho de Estado. Se o quase milhão dos eleitores teoricamente representados por Marisa e Edgar se juntassem a meio milhão de dissidentes do eleitorado PS (um bocadinho menos de um terço)... teríamos segunda volta e então...  

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