quinta-feira, 25 de maio de 2017

Igualdade de género


Nunca sei se não serei bem interpretado, ou se sou eu que não me explico bem, ou se penso que estou a pensar bem e estou simplesmente a falhar o que escolhi como objetivo ou como mensagem a transmitir.
Escrevo sobre a igualdade de género. Penso que é um conceito ligado ao lema da revolução francesa, entendendo-o como   igualdade de todos e cada um perante a lei, as regras da convivencia, os direitos e as obrigações. Mesmo que não concordemos com alguns ou algumas. E que as diversidades inevitáveis  de uns para outros sejam compensadas com
a diretiva “de cada um segundo as suas capacidades e a cada um segundo as suas necessidades”, embora seja admissível que numa fase transitória haja alguma desigualdade na remuneração dos resultados diferentemente alcançados por pessoas de diferentes capacidades e que o critério de definição de “necessidades” seja contido.
Isto para  recordar o que disse uma vez à colega que protestava porque eu lhe dava o dobro do trabalho que dava aos colegas masculinos. Claro que tenho de lhe dar o dobro dotrabalho, querida colega, se tem o dobro da capacidade dos seus colegas...
Não sei se fui mal interpretado, mas fui sincero. É vulgar ouvir-se dizer que as mulheres têm de trabalhar mais para provar que são tão boas profissionais ou melhores do que os colegas masculinos.  Infelizmente muitas vezes existe uma forma de exploração nisto, comprovada pela média inferior nos salários em igualdade de complexidade ou de penosidade.
 Mas é um facto que eu verfiquei, e não só naquela colega. O cérebro feminino tem caraterísticas (a teoria comprovada com as imagens da atividade cerebral, da comunicação entre hemisférios enquanto o cérebro masculino tende para uma menor comunicação) que na vida profissional produzem bons resultados onde a análise masculina tem dificuldades. Isto é, muitas vezes na análise de questões tentei ter um pensamento mais feminino... e não sei se não serei mal interpretado.
Escrevo isto também porque num destes dias viajei num comboio do metro conduzido pela única maquinista do metro (penso que é apenas uma, ainda). Lembro-me de em períodos de alguma desmotivação ter proposto a algumas colegas que se inscrevessem no curso de maquinistas. Que tirassem primeiro a carta de pesados e depois se inscrevessem no curso. Mas não consegui convencer nenhuma. Eis porque não resisti, quando encontrei no bar da empresa a única maquinista, então na fase fimal do seu curso, a dizer-lhe: estava a ver que me reformava sem ver uma maquinista no metro. Ao que ela interpretou bem, como um cumprimento.
Quando a vi entrar agora para a cabina do comboio, em S.Sebastião II, com o  seu rabo de cavalo, como as atletas de alta competição, resolvi ficar atento à sua forma de condução. Logo à saída da estação, em contravia, o comboio tem de negociar um aparelho de via, que lá deixámos na esperança de que a linha vermelha rapidamente seria expandida para Campolide, Camp de Ourique e Alcantara, santa ingenuidade. Alguns maquinistas, especialmente quando o comboio vai vazio, esquecem algumas regras da prudencia, e em condução viva sujeitam os poucos passageiros ao solavanco para a direita, logo seguido do solavanco para a esquerda, e alegremente passam pelo sinal de fim de limitação a 30 km/h, na reta para Saldanha. O que não é muito bom para a saúde dos rodados e da suspensão, nem das lanças do aparelho de via, é a questão do desgaste...
Antigamente havia uma norma no metro, sobre aparelhos de via em posição de mudança de via não podiam circular comboios com passageiros, mas as limitações financeiras ditaram esta inconformidade...
O comboio arrancou suavemente, e não terá atingido o limite de 30 km/h quando, antes de atingir o aparelho de via, a maquinista reduziu ligeiramente. Passámos calmamente sobre o aparelho de via, sem solavancos,  e deslizando deixámos o sinal de fim de limitação a 30 e de início de limitação a 45 km/h (para quando o regresso aos 60?) acelerando a  caminho de Saldanha.
Quando me apeei na Alameda  pensei ir lá à frente, e enviar-lhe do cais um beijinho soprado na palma da mão.

Mas podia ser mal interpretado, fiz apenas um discreto aceno de boas viagens...                                                                                                                                                         

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